O dono das palavras


“Não são sonhos, são objectivos!”. As palavras não são minhas, lá chegaremos. Há alguns bons anos, numa revista da especialidade, surgia uma carta de leitor que exprimia a autoapresentação de um miúdo com 6 anos que gostava de ver fotografias de Surf e ir aos fins-de-semana para as praias de Carcavelos e Guincho.


Tudo inocente até terminar com “espero que não me esqueçam, porque hão-de ouvir falar de mim daqui a uns anitos.” Foi até um pouco mais longe, indicando que íamos ouvir falar dele “todos os meses”. Talvez até hora a hora, mas vamos por partes.

Dezembro de 2013. Portugal Surf Awards. O miúdo, agora com 21 anos, recebe o seu primeiro título de campeão nacional no escalão principal. Enquanto presidente da Associação Nacional de Surfistas, deveria ter sido a eu a entregar-lhe o prémio. Mas nesse ano decidi que a história era maior e, como tínhamos Tiago Pires na sala, passei a este essa responsabilidade. Sim, responsabilidade. Isto porque, não só meses mas também dias antes, tínhamos ouvido falar do miúdo repetidamente. Comecemos pelos meses. Mais precisamente, cerca de 2 meses antes. O miúdo vence Kelly Slater, o “maior de todos os tempos”, nas areias da Praia dos Supertubos em Peniche. Vamos agora aos dias. Se Tiago Pires tinha sido Rookie of the Year da temporada havaiana em 2000, o miúdo também tinha recebido tamanha e prestigiante distinção nestes dias. Passou-se a falar dele. Bastante!

Dezembro de 2015. Jantar de Natal entre amigos do miúdo. É enunciado um desejo por todos mas escrito apenas por um, em sigilo, numa caixa fechada ainda hoje por abrir. A vontade dos presentes foi unânime: que o miúdo se qualifique para o World Championship Tour, a elite do surf mundial. Momento banal, desejo colossal. E isto constitui outra das peças fundamentais do miúdo: herança familiar desportivamente exigente, amigos presentes, patrocinadores sólidos, equipa técnica de primeira água. O outrora miúdo de 6 anos, empurrado pelo Pai nas ondas do Guincho, era agora o capitão, adulto, de uma vasta gente à espera do “quando” o que fora escrito na tal caixa fechada, virava realidade.

Dezembro de 2016. Sunset Beach, Oahu, Hawaii. O miúdo foi enorme na arena dos melhores. O desejo virou realidade. O miúdo grita nas redes sociais: “estou no world tour!”. Vamos ouvir falar muito dele. Não meses, não dias. Agora, será hora a hora.

A importância disto tudo vai mais além do que se pode pensar. E todos vamos ganhar. Portugal tem-se posicionado cada vez mais como destino primordial de Surf em solo Europeu. Com eventos de toda a gama e personagens internacionais envolvidas, volta-se a juntar agora o embaixador de todos nós e que legitima o País, impactando fortemente a economia portuguesa. Aqueles mesmos eventos saem também mais fortes por passar a ter uma personagem com lugar próprio no acto principal, prometendo assim, aos eventos, uma longevidade mais sólida. O mercado comercial irá agitar-se. O recrutamento para a modalidade acelerará novamente. As audiências e consumo de Surf vão subir.

Os sonhos são agora objectivos concretizados. O dono destas palavras? Frederico Morais, 24 anos, Cascais. Portugal bate palmas em conjunto: Vai Kikas!

O dono das palavras


“Não são sonhos, são objectivos!”. As palavras não são minhas, lá chegaremos. Há alguns bons anos, numa revista da especialidade, surgia uma carta de leitor que exprimia a autoapresentação de um miúdo com 6 anos que gostava de ver fotografias de Surf e ir aos fins-de-semana para as praias de Carcavelos e Guincho.


Tudo inocente até terminar com “espero que não me esqueçam, porque hão-de ouvir falar de mim daqui a uns anitos.” Foi até um pouco mais longe, indicando que íamos ouvir falar dele “todos os meses”. Talvez até hora a hora, mas vamos por partes.

Dezembro de 2013. Portugal Surf Awards. O miúdo, agora com 21 anos, recebe o seu primeiro título de campeão nacional no escalão principal. Enquanto presidente da Associação Nacional de Surfistas, deveria ter sido a eu a entregar-lhe o prémio. Mas nesse ano decidi que a história era maior e, como tínhamos Tiago Pires na sala, passei a este essa responsabilidade. Sim, responsabilidade. Isto porque, não só meses mas também dias antes, tínhamos ouvido falar do miúdo repetidamente. Comecemos pelos meses. Mais precisamente, cerca de 2 meses antes. O miúdo vence Kelly Slater, o “maior de todos os tempos”, nas areias da Praia dos Supertubos em Peniche. Vamos agora aos dias. Se Tiago Pires tinha sido Rookie of the Year da temporada havaiana em 2000, o miúdo também tinha recebido tamanha e prestigiante distinção nestes dias. Passou-se a falar dele. Bastante!

Dezembro de 2015. Jantar de Natal entre amigos do miúdo. É enunciado um desejo por todos mas escrito apenas por um, em sigilo, numa caixa fechada ainda hoje por abrir. A vontade dos presentes foi unânime: que o miúdo se qualifique para o World Championship Tour, a elite do surf mundial. Momento banal, desejo colossal. E isto constitui outra das peças fundamentais do miúdo: herança familiar desportivamente exigente, amigos presentes, patrocinadores sólidos, equipa técnica de primeira água. O outrora miúdo de 6 anos, empurrado pelo Pai nas ondas do Guincho, era agora o capitão, adulto, de uma vasta gente à espera do “quando” o que fora escrito na tal caixa fechada, virava realidade.

Dezembro de 2016. Sunset Beach, Oahu, Hawaii. O miúdo foi enorme na arena dos melhores. O desejo virou realidade. O miúdo grita nas redes sociais: “estou no world tour!”. Vamos ouvir falar muito dele. Não meses, não dias. Agora, será hora a hora.

A importância disto tudo vai mais além do que se pode pensar. E todos vamos ganhar. Portugal tem-se posicionado cada vez mais como destino primordial de Surf em solo Europeu. Com eventos de toda a gama e personagens internacionais envolvidas, volta-se a juntar agora o embaixador de todos nós e que legitima o País, impactando fortemente a economia portuguesa. Aqueles mesmos eventos saem também mais fortes por passar a ter uma personagem com lugar próprio no acto principal, prometendo assim, aos eventos, uma longevidade mais sólida. O mercado comercial irá agitar-se. O recrutamento para a modalidade acelerará novamente. As audiências e consumo de Surf vão subir.

Os sonhos são agora objectivos concretizados. O dono destas palavras? Frederico Morais, 24 anos, Cascais. Portugal bate palmas em conjunto: Vai Kikas!