CGD. BE e direita forçam gestores a apresentar declarações

CGD. BE e direita forçam gestores a apresentar declarações


A administração da Caixa vai mesmo ter de declarar o seu património, mas não há limites de salários


O BE juntou-se à direita para obrigar a administração da Caixa Geral de Depósitos a entregar a declaração de rendimentos. Só o PS e o PCP votaram contra a proposta do PSD, que não deixa margem para dúvidas: António Domingues e a sua equipa têm mesmo de declarar o seu património ao Tribunal Constitucional, até porque a proposta aprovada é explícita ao dizer que se aplica mesmo aos mandatos em curso.

Apesar desta estranha coligação que juntou os bloquistas à direita, PSD e CDS não aprovaram o limite aos salários dos administradores da CGD.

O BE propunha que não pudessem ganhar mais do que o primeiro-ministro e viram a proposta chumbada com os votos contra do PS, o voto favorável do PCP e a abstenção de PSD e CDS.

O PSD queria que os vencimentos dos administradores da Caixa fossem calculados a partir dos últimos três anos de vencimento dos gestores. PS, PCP e BE votaram contra, o CDS absteve-se.

A forma como as várias bancadas votaram mostra bem como é politicamente este dossiê. Mas se o tema chegou para agitar o debate no parlamento e até pôr o BE a votar ao lado da direita, ficou claro que não será por aí que a solução de governo à esquerda será beliscada.

Horas antes da votação das propostas de alteração ao Orçamento do Estado, o líder parlamentar do PS dava nota disso mesmo. “Isto vai correr bem, por mais barulho que faça o PSD ou o CDS”, avisava Carlos César no dia em que o Ministério das Finanças teve de voltar a defender António Domingues.

governo defende domingues

Depois de a Comissão Europeia confirmar que Domingues tinha tido reuniões tanto em Bruxelas, com a Direção Geral da Concorrência, como em Frankfurt, com o BCE quando ainda era gestor do BPI, o governo teve de vir explicar que esses encontros tiveram o aval do executivo e que nunca foi passada qualquer informação privilegiada ao gestor.

“Estas reuniões foram fundamentais para a definição das condições iniciais do plano de negócios, em particular dos elementos de ausência de ajuda de Estado, e determinantes para o seu sucesso num curto espaço de tempo, que conduziu à sua aprovação em 23 de agosto”, esclarece o gabinete de Mário Centeno em comunicado enviado às redações.

O governo aproveita para reafirmar “a confiança” na administração da Caixa e defende que estes encontros com as autoridades europeias ainda antes da nomeação dos gestores fizeram parte do processo. “O governo só podia nomear uma administração que apresentasse um plano com o qual concordasse e que fosse viável, desde logo junto das autoridades de concorrência europeias”, sublinha o Ministério depois de Bruxelas ter confirmado a denúncia feita por Passos Coelho sobre os contactos feitos por Domingues antes da sua nomeação. M.D.