Rússia nega envolvimento no regresso das bombas a Alepo

Rússia nega envolvimento no regresso das bombas a Alepo


Ministro dos Negócios Estrangeiros russo diz que os recentes ataques aéreos são da autoria exclusiva de Bashar al-Assad


A participação do exército russo, ao lado das forças leais ao regime de Bashar al-Assad, na conquista da segunda maior cidade  da Síria, chegou a ser negada, de forma veemente, por parte do Kremlin, no início das ofensivas aéreas. Nos últimos meses, porém, aquela passou a ser admitida de forma natural pela Federação Russa, que até assumiu a tarefa de comunicar a calendarização das pausas humanitárias em Alepo – a última anunciada há cerca de três semanas.

Com a chegada do porta-aviões russo Kuznetsov ao leste do mar Mediterrâneo, no início da semana – completando um trajeto que incluiu a passagem ao largo da costa portuguesa no final de outubro -, voltaram também a cair as bombas sobre as zonas da cidade controladas pelos rebeldes. Mas o chefe da diplomacia de Moscovo negou, no entanto, que a Rússia esteja envolvida nestes ataques.

Segundo a cadeia de televisão Al-Jazeera, Sergei Lavrov revelou, à margem de uma cimeira económica no Perú, que o envolvimento russo em Alepo, onde ainda se encontram perto de 250 mil pessoas, era muito «limitado», e que as suas forças de combate estavam apenas em ação nas províncias de Homs e Idlib, como objetivo de «impedir os combatentes do Estado Islâmico, que estejam a abandonar Mossul [no Iraque], de entrar na Síria».

As declarações do ministro russo sugerem, então, que a nova ofensiva esteja a ser levada a cabo, de forma exclusiva, pelo exército de Assad. A Al-Jazeera refere que no passado domingo foram enviaram mensagens escritas, por parte de soldados do regime, para os residentes da região oriental de Alepo,  dando conta da iminência de uma nova vaga de bombardeamentos e oferecendo 24 horas para o abandono definitivo da cidade.

A advertência confirmou-se e os ataques voltaram, em força, na terça-feira. No dia seguinte foram vários os meios de comunicação que reportaram o bombardeamento de um hospital pediátrico, um banco de sangue e várias ambulâncias. Ao todo, calcula-se que tenham morrido 150 pessoas nos últimos quatro dias.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, o número total de civis que perdeu a vida, na região de Alepo, desde que Lavrov e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciaram um acordo de cessar-fogo, em meados de setembro, é de 1086. Desses, 231 são crianças e 98 são mulheres.