Os partidos que compõem a coligação do Unidos Podemos aproveitaram a cerimónia solene desta quinta-feira, que inaugurou uma nova legislatura no parlamento espanhol, para voltar a demonstrar publicamente a sua discordância em relação ao sistema político que vigora no país – a monarquia constitucional – através de uma “série de provocações”, como descreve o “El Mundo”.
Um das “provocações” apontadas pelo jornal, que considera a atitude dos deputados como uma autêntica “afronta ao rei”, aconteceu após o habitual discurso do monarca espanhol. Contrariamente aos restantes eleitos para a câmara legislativa, os membros do Podemos recusaram-se a aplaudir Felipe VI e muitos deles permaneceram sentados. Aquando da entrada da família real e durante o hino de Espanha, vários deputados permaneceram igualmente nas suas cadeiras.
Para além disso, o deputado Diego Cañamero apareceu na cerimónia vestido com uma t-shirt onde aparecia escrita a frase “eu não votei em nenhum rei”.
Antes da abertura solene de mais um período de governo de Mariano Rajoy, Iglesias já tinha mostrado aos jornalistas que poderia não cumprir o protocolo. “Alguns são chefes de Estado porque são filhos, netos e bisnetos de uma dinastia”, disse o líder do Podemos, antes de apresentar a sua visão: “Com todo o respeito, temos muito mais legitimidade, porque em nós votam as pessoas”.
Indiferente aos gestos de protesto do Podemos – que ainda incluiram a exibição, por parte do deputado Iñaki Bernal da Esquerda Unida, de uma bandeira com as cores da república – Felipe VI apelou à “regeneração da vida pública” e ao “respeito pelas instituições democráticas e pela lei”, como soluções para o bom funcionamento de um parlamento que esteve bloqueado durante dez meses.
