A notícia surge poucos dias depois de o jornal i ter revelado que no serviços Medicina IV do Hospital Garcia de Orta os doentes com bactérias multirresistentes, como E. coli, Klebsiella e Morganella morganii, não estão devidamente isolados dos restantes doentes.
Segundo o JN noticiou ontem, tal como no Hospital de Almada, na unidade Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, os infetados com bactérias multirresistentes encontram-se em camas ao lado das de doentes não infetados, não respeitando o intervalo de uma cama considerado necessário. A Direção Geral de Saúde (DGS) – que detetou irregularidades no Garcia de Orta – não fez qualquer declaração sobre a situação da unidade de saúde do Barreiro.
Após ter garantido no início da semana ao jornal i que «uma cortina não é isolamento», o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, lembrou ontem que «Portugal tem uma taxa de infeções contraídas em ambiente hospitalar superior à média europeia».
O Hospital do Barreiro, tal como já tinha feito o de Almada, reagiu, dizendo que «as orientações e normas de controlo de infeção» no que diz respeito ao isolamento estão a ser cumpridas. Algo que é contrariado por vários especialistas.
O caso do Garcia de Orta
Em Almada os doentes infetados com bactérias multirresistentes como a E. coli, Klebsiella e Morganella morganii foram colocados nas mesmas salas que doentes que não estão infetados, sem qualquer espaço de intervalo e apenas separados por uma cortina.
Após o caso ter sido noticiado, a DGS fez uma avaliação na unidade tendo detetado algumas irregularidades. O hospital só tem cinco quartos de isolamento, estando a ser construídos outros quatro, «o que, na perspetiva da direção clínica, é manifestamente insuficiente». Eram necessários, dizem, «mais cinco quartos de isolamento».
O documento produzido pela DGS deixa ainda assim claro que de uma forma genérica estão a ser cumpridas as normas. No entanto, o relatório reconhece que os doentes não infetados que partilham enfermaria com os infetados não têm «informação de como se proteger da transmissão de infeção».
Contactado pelo jornal i, para esclarecer a situação Alexandre Diniz, o especialista que redigiu o relatório da DGS admitiu que «não é uma boa prática» a ausência de uma cama de intervalo vazia entre um doente infetado e um não infetado. Uma situação que é prática no Garcia de Orta e, segundo o JN, no Hospital do Barreiro.
O também diretor Departamento da Qualidade na Saúde explicou ainda que quanto ao isolamento só «há duas situações clínicas diferentes, as que requerem apenas a cama de bloqueio inativada [entre o infetado e o não infetado] e outras [em que se exige] ausência total de outros doentes no quarto».