Comandos. Taxa de desistências do curso 127 está acima da média

Comandos. Taxa de desistências do curso 127 está acima da média


Apenas 30 dos 67 instruendos que começaram o curso de Comandos continuam a formação.


Estatisticamente, cerca de metade dos instruendos que se inscrevem nos Comandos não terminam o curso. Entre desistentes e eliminados, “a taxa normal é de 45%”, disse ao i fonte do Exército. Uma percentagem que já foi ultrapassada no caso do 127.º curso de Comandos. Dos 67 instruendos que iniciaram a especialidade a 3 de setembro, apenas 30 prosseguem o curso, informou ontem o Exército, em comunicado.

Após a morte dos militares Hugo Abreu e Dylan da Silva, o curso esteve interrompido durante 11 dias, sendo retomado após todos os militares efetuarem exames clínicos a 15 de setembro. Logo nessa altura, 17 militares (um oficial, quatro sargentos e doze soldados) optaram por não regressar à formação. Entretanto, desistiram mais nove instruendos  – um oficial e oito soldados – e foram eliminados outros nove. Neste último caso, tratou-se igualmente de um oficial e de oito soldados.

Além destes números, ainda antes do 127.º curso ter oficialmente começado, quarenta militares já tinham desistido durante as quatro semanas de estágio que antecedem a formação. Ao i, o Exército explicou que a duração deste estágio foi alargada de três para quatro semanas em 2014 após se verificarem elevadas taxas de desistências. Ao longo deste estágio, os instruendos são sujeitos a treinos físicos exigentes para se prepararem para a formação.

O 127.º curso de Comandos já tem data de término: 25 de novembro, disse ao i o porta voz do Exército, tenente Coronel Vicente Pereira. Os futuros cursos de comandos continuam suspensos por tempo indeterminado, enquanto decorre uma inspeção técnica extraordinária pedida pelo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.

Investigação em curso Familiares e colegas de curso do militar Hugo Abreu garantiram na semana passada que o jovem foi agredido e forçado a comer terra “já próximo da inconsciência”. “O sargento Rodrigues, depois de ele cair por terra, pô-lo a respirar terra e a comer terra”, disse a mãe do militar. As revelações foram feitas ao programa Sexta às 9, da RTP, emitido na passada semana.

Segundo o Exército, estão a ser feitas “com rigor e transparência” todas as investigações necessárias para apurar “as circunstâncias em que ocorreram as mortes dos dois militares e a eventual existência de indícios de responsabilidade disciplinar imputável a qualquer militar”. Tanto o Ministério Público com a Polícia Judiciária Militar continuam a investigar o caso dos militares que morreram devido a um “golpe de calor” e em que, para já, não há arguidos nem instrutores suspensos. “Não tendo sido constituído como arguido qualquer militar, não existe fundamento para a suspensão de funções de qualquer dos elementos que integram as equipas de instrutores do 127.º Curso de Comandos”, informou o Exército em nota à comunicação social. 

No decorrer do processo, o Exército informou ontem que pediu também ao INEM e “aos hospitais do Barreiro e Curry Cabral o envio dos relatórios que terão sido elaborados sobre a assistência prestada aos referidos militares e irá solicitar os relatórios das autópsias logo que estes estejam concluídos”.