Sócrates aplaudido a corrigir jornalistas

Sócrates aplaudido a corrigir jornalistas


Ex-primeiro-ministro invoca ‘Convenção dos Direitos Humanos” para se defender do processo Marquês


Num almoço no Parque das Nações que reuniu amigos e apoiantes de José Sócrates, o arguido da Operação Marquês zangou-se com a comunicação social. Sócrates queria que as câmaras das televisões se mudassem para determinada posição e não gostou que os jornalistas não seguissem as suas diretrizes. Os apoiantes na sala bateram palmas à correção. Os repórteres não arredaram pé.

Antes do começo do almoço, José Sócrates discursou de microfone e folha na mão. Para o político socialista, a reunião possuía "significado político" porque "diz respeito a todos".

Sócrates lançou prontamente a temática da Operação Marquês, "uma história longa de abusos" que "condena alguém sem direito a julgamento, sem acusação e sem defesa", afirmou sob palmas. 

O juiz Carlos Alexandre não escapou às críticas de Sócrates, em especial na recente entrevista em que terá feito uma "insinuação cobarde". "Para mim o juiz já não existe," proclamou o arguido. 

De acordo com Sócrates, se o direito a ter um juiz imparcial não existir, tal "afeta o coração da justiça".

O único objectivo "daqueles que lançaram uma campanha ignóbil" foi, acredita, o de "humilhar" a sua imagem. 

"Será possível em democracia um Estado deter, prender e ao fim de dois anos não apresentar acusação?" perguntou à sala, que gritou "não" em resposta. "Não em nome do povo, não em nome da democracia!", completou. 

Sócrates invocou o direito internacional – "a Convenção dos Direitos Humanos!" – para se defender de uma investigação que, para si, "não tem factos, nem provas, nem acusações".