O ex-primeiro-ministro mostrou-se preocupado com as consequências da lei aprovada em Conselho de Ministros que pretende permitir à Autoridade Tributária o acesso aos dados bancários de contribuintes com saldos superiores a 50 mil euros.
Sócrates diz temer as tentações de abuso que podem ocorrer com estes novos poderes dados ao Fisco mesmo em relação a contribuintes em relação aos quais não há qualquer suspeita de evasão fiscal.
O tema da conferência para a qual foi convidado pelo Departamento Federativo das Mulheres Socialistas da Federação de Lisboa do PS era Política Externa e Globalização, mas isso não impediu o ex-líder socialista de aproveitar para dar opinião sobre o decreto-lei em relação ao qual Jerónimo de Sousa já disse recear que não respeite a “privacidade” das famílias e que Marcelo Rebelo de Sousa já deu sinais de ter intenção de vetar.
Apesar do convite a José Sócrates feito por Susana Amador, a direção do PS tem procurado demarcar-se e desdramatizar a presença do ex-primeiro-ministro, que os socialistas não querem que seja lido como um regresso às atividades partidárias.
António Costa não estará presente nesta Universidade de Verão do PS. E Susana Amador já lamentou a polémica causada pela presença de Sócrates no evento da FAUL e da JS Lisboa, sublinhando que o convite que lhe fez “não é político”.
O dirigente socialista Porfírio Silva também desdramatizou a participação de Sócrates, classificando-a em declarações à Lusa como “normal” e evitando a leitura de um regresso “oficial” ao partido.
Mas a eurodeputada socialista Ana Gomes não poupou na crítica à ida de Sócrates ao evento do PS. “Vejo o convite com preocupação, porque vem de setores que acham que a imagem de José Sócrates é recuperável. E eu acho que ela é extremamente danosa para o PS e para o país, e tem de ser o PS o primeiro a reconhecê-lo e não o contrário”, disse à Lusa.
Além da intervenção de hoje na Universidade de Verão do PS, José Sócrates vai estar amanhã num almoço de apoiantes na Expo, em Lisboa. E esta semana, como noticiou o i, teve um jantar com alguns dos seus mais próximos para definir uma estratégia de regresso à atividade política.
Sócrates avisou há um ano: "Todos os meus direitos políticos estão intactos e tenciono exercê-los". Está a cumprir.
