É evidente que, com suspeita, a decisão não poderia ter sido outra. Mas ela só se confirma por culpa do próprio município e de Medina, que ou não acompanhou de perto a preparação da grande obra do seu mandato ou pressentiu que, a um ano de eleições, o risco era demasiado grande. Afinal, quem solicitou à empresa em causa pareceres técnicos na execução do caderno de encargos, pedindo esta solução inovadora? O município, pois claro!
A versão não cola bem quando os erros e as contradições são evidentes. Medina, que é um político astuto, percebeu o óbvio. Percebe-se assim que o único motivo real na origem da suspensão são as eleições autárquicas e as implicações que esta obra nelas pode ter.
A caixa de Pandora é óbvia e percebe-se com uma simples pergunta: está Medina em condições de garantir que todas as obras, todas as decisões e todos os negócios do município estão isentos de um “eventual conflito de interesses”?
Não está! E são várias as dúvidas. Desde as relações com a ATL, onde a CML é simultaneamente concessionária e concedente, aos pareceres dos serviços ordenados por emails de assessores, como é o caso das obras no eixo central, há em Lisboa um rol de decisões que merecem uma atenção pública redobrada.
Mas sejamos francos. Uma câmara que não consegue, em anos, arranjar pequenas coisas como tirar o estaleiro da Praça Francisco Sá Carneiro, que não consegue executar um plano de drenagem, que não consegue resolver o problema da recolha de lixo não pode ser a câmara que promete com vaidade uma nova Segunda Circular. E, só por isso, Medina esteve bem.
Deputado do PSD
Escreve à segunda-feira