Temos floresta acima das nossas possibilidades


Temos de colocar a hipótese de termos floresta acima das nossas possibilidades. Se só somos capazes de cuidar de 50 hectares de floresta, mais vale termos esses 50 hectares bem cuidados, em vez de termos a ambição de ter uma área florestal ao nível de um país desenvolvido


É horrível ver o nosso património natural a arder. Temos uma floresta tão bonita, mas não sabemos cuidar dela. Se calhar, não merecemos o património que Deus nos deu. Temos de colocar a hipótese de termos floresta acima das nossas possibilidades.

Eu gosto muito da floresta. Mas se é para estar sempre a arder, devemos repensar as nossas prioridades. Temos uma dívida para pagar e não podemos dar-nos ao luxo de ter uma floresta bem planeada ou meios de combate a incêndio topo–de-gama.

Uma solução para o problema dos incêndios poderá passar por reduzir drasticamente a área florestal. Se só somos capazes de cuidar de 50 hectares de floresta, mais vale termos esses 50 hectares bem cuidados, em vez de termos a ambição de ter uma área florestal ao nível de um país desenvolvido e nem podermos aproveitar porque está sempre tudo a arder. É como ser proprietário dos jardins de Versalhes e não ter dinheiro para jardineiros.

Para quê reflorestar o que é para queimar? Que desperdício. É um trabalho de Sísifo, logo, pouco produtivo. Para quê fazer um trabalho que vamos ter de recomeçar assim que o terminarmos? Se a pedra não quer ficar no cume da montanha, mais vale deixá-la onde está e ir gastar o nosso tempo com coisas úteis, como rentabilizar o facto de termos uma pedra que não está no cume de uma montanha. Podemos escavar essa pedra e fazer uma hamburgueria gourmet, por exemplo. Se Sísifo fosse empreendedor, era o que teria feito. Mas nós temos mercado livre e não temos desculpa nenhuma para cometer o mesmo erro de Sísifo. Se Portugal tem vagas de incêndios, vamos lá transformá-las em oportunidades.

Podemos aproveitar a oportunidade de já estar tanta floresta queimada e urbanizar as antigas florestas, cobrindo-as de alcatrão verde para, quando fosse possível, erigir novas cidades. Entretanto evitavam-se imensos fogos florestais porque é muito difícil deitar fogo a alcatrão.

Além disso, porque é que vamos deixar que nasçam árvores em sítios onde houve incêndios? É uma crueldade para os eucaliptos pequeninos nascerem no sítio onde os seus antepassados foram queimados vivos. É como erigir um kibutz nos terrenos de Auschwitz, mas com a agravante de que, chegando o verão, há uma forte probabilidade de o kibutz voltar a ser um campo de concentração.

Eu sei que a floresta é importante e que as plantas produzem o oxigénio. É óbvio que não defendo que se acabe com toda a floresta. Mas se analisarmos as coisas de uma perspetiva global, há algo que temos de admitir: a floresta portuguesa conta muito pouco para o oxigénio que se respira. A Amazónia produz oxigénio que chega e sobra para o planeta inteiro. Enquanto ainda não é possível taxar o oxigénio importado, devemos aproveitar e respirar o ar que vem de fora e utilizar todo aquele terreno que eram as nossas florestas para outras atividades. Se um dia for possível colocar contadores nas árvores para podermos rentabilizar o oxigénio que elas produzem, podemos começar a plantá-las. Nesse caso, as árvores serão um bom investimento. Enquanto isso não for possível, as árvores são apenas troncos de madeira com folhas verdes que dão sombra. Um luxo para um país como o nosso.

Outra solução poderia ser deixar que os alemães colonizassem as nossas florestas. Isso até já está a acontecer, com alemães drogados a comprarem terrenos no interior para organizar rituais satânicos. Só temos de apelar ao interesse dos alemães sérios. Se não temos uma solução para os fogos florestais, temos de deixar o problema para quem o pode resolver. Os alemães, para além de se financiarem com juros negativos e terem dinheiro para investir em coisas supérfluas como florestas, são excelentes a resolver problemas. Mesmo que não acabassem com os fogos florestais, pelo menos esse deixava de ser um problema nosso e passava a ser um problema da Alemanha. Isso agradaria à direita, porque conseguiríamos poupar muito dinheiro em meios de combate a incêndios, e agradaria à esquerda, porque teriam sempre a consolação de ver a Alemanha a arder.


Temos floresta acima das nossas possibilidades


Temos de colocar a hipótese de termos floresta acima das nossas possibilidades. Se só somos capazes de cuidar de 50 hectares de floresta, mais vale termos esses 50 hectares bem cuidados, em vez de termos a ambição de ter uma área florestal ao nível de um país desenvolvido


É horrível ver o nosso património natural a arder. Temos uma floresta tão bonita, mas não sabemos cuidar dela. Se calhar, não merecemos o património que Deus nos deu. Temos de colocar a hipótese de termos floresta acima das nossas possibilidades.

Eu gosto muito da floresta. Mas se é para estar sempre a arder, devemos repensar as nossas prioridades. Temos uma dívida para pagar e não podemos dar-nos ao luxo de ter uma floresta bem planeada ou meios de combate a incêndio topo–de-gama.

Uma solução para o problema dos incêndios poderá passar por reduzir drasticamente a área florestal. Se só somos capazes de cuidar de 50 hectares de floresta, mais vale termos esses 50 hectares bem cuidados, em vez de termos a ambição de ter uma área florestal ao nível de um país desenvolvido e nem podermos aproveitar porque está sempre tudo a arder. É como ser proprietário dos jardins de Versalhes e não ter dinheiro para jardineiros.

Para quê reflorestar o que é para queimar? Que desperdício. É um trabalho de Sísifo, logo, pouco produtivo. Para quê fazer um trabalho que vamos ter de recomeçar assim que o terminarmos? Se a pedra não quer ficar no cume da montanha, mais vale deixá-la onde está e ir gastar o nosso tempo com coisas úteis, como rentabilizar o facto de termos uma pedra que não está no cume de uma montanha. Podemos escavar essa pedra e fazer uma hamburgueria gourmet, por exemplo. Se Sísifo fosse empreendedor, era o que teria feito. Mas nós temos mercado livre e não temos desculpa nenhuma para cometer o mesmo erro de Sísifo. Se Portugal tem vagas de incêndios, vamos lá transformá-las em oportunidades.

Podemos aproveitar a oportunidade de já estar tanta floresta queimada e urbanizar as antigas florestas, cobrindo-as de alcatrão verde para, quando fosse possível, erigir novas cidades. Entretanto evitavam-se imensos fogos florestais porque é muito difícil deitar fogo a alcatrão.

Além disso, porque é que vamos deixar que nasçam árvores em sítios onde houve incêndios? É uma crueldade para os eucaliptos pequeninos nascerem no sítio onde os seus antepassados foram queimados vivos. É como erigir um kibutz nos terrenos de Auschwitz, mas com a agravante de que, chegando o verão, há uma forte probabilidade de o kibutz voltar a ser um campo de concentração.

Eu sei que a floresta é importante e que as plantas produzem o oxigénio. É óbvio que não defendo que se acabe com toda a floresta. Mas se analisarmos as coisas de uma perspetiva global, há algo que temos de admitir: a floresta portuguesa conta muito pouco para o oxigénio que se respira. A Amazónia produz oxigénio que chega e sobra para o planeta inteiro. Enquanto ainda não é possível taxar o oxigénio importado, devemos aproveitar e respirar o ar que vem de fora e utilizar todo aquele terreno que eram as nossas florestas para outras atividades. Se um dia for possível colocar contadores nas árvores para podermos rentabilizar o oxigénio que elas produzem, podemos começar a plantá-las. Nesse caso, as árvores serão um bom investimento. Enquanto isso não for possível, as árvores são apenas troncos de madeira com folhas verdes que dão sombra. Um luxo para um país como o nosso.

Outra solução poderia ser deixar que os alemães colonizassem as nossas florestas. Isso até já está a acontecer, com alemães drogados a comprarem terrenos no interior para organizar rituais satânicos. Só temos de apelar ao interesse dos alemães sérios. Se não temos uma solução para os fogos florestais, temos de deixar o problema para quem o pode resolver. Os alemães, para além de se financiarem com juros negativos e terem dinheiro para investir em coisas supérfluas como florestas, são excelentes a resolver problemas. Mesmo que não acabassem com os fogos florestais, pelo menos esse deixava de ser um problema nosso e passava a ser um problema da Alemanha. Isso agradaria à direita, porque conseguiríamos poupar muito dinheiro em meios de combate a incêndios, e agradaria à esquerda, porque teriam sempre a consolação de ver a Alemanha a arder.