A deputada socialista Isabel Moreira queixa-se de que está a ser alvo de perseguição e de ameaças anónimas. A constitucionalista relata na sua página do Facebook um telefonema que recebeu em que foi avisada para ter “atenção às opiniões que tem em público”.
Ao i, Isabel Moreira garante que a conversa que relatou foi apenas um exemplo das ameaças que costuma receber. “É um exemplo de um entre tantos e tantos telefonemas que já recebi, para não mencionar mails e outras formas de intimidação e perseguição. Acho que é importante dar este exemplo para ilustrar que há uma prática comum de intimidação que tem uma incidência específica sobre as mulheres.”
A denúncia feita pela deputada socialista nas redes sociais mereceu mais de uma centena de comentários. Em resposta a alguns, Isabel Moreira explica o que a levou a denunciar este telefonema anónimo. “Já recebi mais de 1000 telefonemas ameaçadores. Todos feitos por homens. Evidentemente que a sociedade em que estamos ainda é sexista e isso tem reflexos em tudo”, diz a deputada, em resposta ao deputado comunista Miguel Tiago.
Isabel Moreira garante ainda que existem “casos mais graves de profunda intimidação (…) Hoje publicitei este exemplo, mas há muitos. Houve momentos políticos marcantes em que isto – mails, ataques à caixa física do meu correio – era constante”.
Causas homossexuais Isabel Moreira foi eleita pela primeira vez para o parlamento em 2011 e sempre se destacou na defesa das causas dos homossexuais. Antes de ser eleita deputada bateu-se pelo casamento entre casais do mesmo sexo. Já como deputada do PS esteve na primeira linha dos deputados que lutaram pela aprovação da adoção de crianças por casais homossexuais. Numa primeira fase, ainda com a direita no governo, conseguiu que os deputados aprovassem o projeto de lei sobre a coadoção e chorou no momento em que o diploma foi aprovado. O PSD travou o processo com a proposta de fazer um referendo, mas a maioria de esquerda aprovou, logo no início desta legislatura, a adoção plena.
Divergências no PS A deputada socialista destacou-se, nos primeiros tempos, por não alinhar com a posição oficial do PS de António José Seguro. Em 2012, a direção do grupo parlamentar chegou mesmo a ameaçar retirar-lhe a confiança política por ter votado contra as novas leis laborais, depois de os deputados terem recebido ordens para se absterem. “É uma mancha histórica que envergonha quem deliberou e não quem é objeto da mesma”, disse, nessa altura, Isabel Moreira, que foi eleita como independente e em 2013 aderiu ao PS.
A constitucionalista esteve também na origem do envio para o Tribunal Constitucional do Orçamento do Estado para 2012, por causa dos cortes nos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas. A direção do PS não apoiou a decisão, mas o Constitucional deu razão aos deputados socialistas.