“Semanas mais curtas são uma solução para as mudanças civilizacionais. É importante que as pessoas não se reformem aos 50, 60, ou 65 anos de idade. Devem fazê-lo mais tarde, porque são eles que têm mais conhecimento e experiência. Mas ao mesmo tempo deveriam trabalhar três dias por semana, para abrir espaço para os mais jovens”. Quem o defende é Carlos Slim, o presidente emérito da América Móvil, numa entrevista à Bloomberg.
Para o mexicano de 76 anos, o quarto homem mais rico do mundo de acordo com o ranking mais recente da revista Forbes, “ao ter-se quatro dias por semana livres, uma série de actividades seriam encorajadas – o turismo, o entretenimento, o desporto, a cultura ou a educação – e as pessoas poderiam tirar proveito desses dias extras para manter a sua aprendizagem”.
O“rei Midas das telecomunicações”, como é conhecido, argumenta que esta mudança de paradigma deve promovida promovida pelas administrações públicas e pelas empresas dos setores onde o crescimento da produtividade gerou excedentes de mão-de-obra.
“É uma óptima mudança a de se trocar menos dias de trabalho por mais anos de trabalho até à reforma”, defende Carlos Slim, salientando que na Telmex, a empresa de telefones fixos da América Móvil, essa oferta está a ser feita há já a alguns anos e cerca de 40% dos trabalhadores seleccionados aceitaram-na.
“Suponha que metade dos funcionários da Telmex era excedentário. Seria uma grande solução: teríamos metade a trabalhar de segunda a quarta-feira, o resto de quarta a sábado. Poderíamos prestar serviços 12 horas por dia durante seis dias. E as pessoas aposentar-se-iam aos 75 com mais tempo livre até lá”, afirmou.
O empresário, agora retirado da vida ativa, argumenta ainda que “historicamente, os avanços tecnológicos e o progresso levaram as pessoas a trabalhar menos tempo” e “o que está agora a acontecer é que as pessoas vivem mais tempo, com melhor saúde e sem a necessidade de esforço físico”.
“A produtividade aumentou exponencialmente, apesar da recusa de alguns economistas. E vemos que é por isso que o desemprego é um grande problema em muitos países, especificamente na Europa”, acrescentou.
Em julho de 2014, o empresário mexicano já tinha surpreendido ao defender a redução da semana de trabalho de cinco para três dias. Em contrapartida, o então CEO da Telmex dizia que o horário poderia ter de aumentar para 11 horas por dia e a idade da reforma para os 70 ou 75 anos.
“Com três dias de trabalho teríamos mais tempo para relaxar, para qualidade de vida. Ter quatro dias [de descanso] seria importante para gerar novas atividades de entretenimento”, justificou na altura ao Financial Times.