O Departamento Central de Investigação e AçãoPenal (DCIAP) decidiu bloquear diversas contas de Carlos SantosSilva nas últimas semanas, bem como a carteira de ações que o amigo do ex-primeiro-ministro tem no banco Haitong (ex-BESI). Segundo a investigação existem fortes indícios de que os 800 mil euros que estavam nas contas agora apanhadas têm ligações ao alegado esquema de pagamento de ‘luvas’ que tem José Sócrates como peça central.
O i sabe, aliás, que a equipa liderada pelo procurador Rosário Teixeira acredita que as quantias agora bloqueadas pertencem na verdade a José Sócrates.
No que se refere à carteira de ações, a mesma tem um valor aproximado de 200 mil euros, segundo noticiou ontem o ‘CM’. Santos Silva tem ações da telefónica brasileira Oi, da Gazprom, do BCP, do Barclays e da Sonae – estas últimas foram as únicas que não deram prejuízo.
Bataglia no centro da teia Helder Bataglia, o empresário luso-angolano fundador da Escom, tem assumido cada vez mais um papel de relevo nesta fase final da Operação Marquês.
Depois de meses de investigação à transferência de 12 milhões de euros para as contas de Santos Silva – dinheiro que passou pelas contas de Joaquim Barroca – os procuradores chegaram à conclusão de que parte desse montante foi um suborno pelos favorecimentos de Sócrates ao Grupo Espírito Santo (GES). O Ministério Público refere mesmo que em causa estiveram sobretudo benefícios aos interesses do GES no negócio da Portugal Telecom com a Telefónica.
A outra parte das ‘luvas’ será referente ao favorecimento concedido pelo ex-primeiro-ministro ao empreendimento Vale do Lobo e que terão beneficiado Helder Bataglia (um dos sócios de Vale do Lobo).
As últimas diligências Nos últimos dias têm sido vários os pedidos de informações sobre os arguidos feitos pelo DCIAP a entidades bancárias – assim como os pedidos de bloqueios de contas.Além disso, foram convocadas testemunhas e arguidos para novos esclarecimentos.
Ainda em junho foram também feitas buscas a um cofre de uma pessoa do núcleo duro de Helder Bataglia, na sede do Novo Banco, em Lisboa, e o arguido Rui Mão de Ferro foi novamente chamado para interrogatório.
A equipa de Rosário Teixeira tem ainda centrado grande parte do seu trabalho nas suspeitas de influência política de Sócrates no negócio em que a Portugal Telecom vendeu a parte que detinha da Vivo à operadora espanhola Telefónica.
Neste momento, um dos pontos mais delicados é mesmo a conhecida golden share que foi usada para inviabilizar, num primeiro momento, o negócio da PT com a Telefónica. Indícios que têm estado na base de grande parte das novas diligências, onde se incluem as buscas a casa de Zeinal Bava e Henrique Granadeiro e as diligências realizadas há alguns dias à Caixa BI e ao banco chinês Haitong (ex-BESI).
Tendo em conta os trabalhos em curso e a necessidade de continuar a rastrear o circuito do dinheiro a investigação não deverá estar concluída a 15 de setembro conforme tinha sido anunciado. Amadeu Guerra, diretor do DCIAP, já admitiu publicamente essa possibilidade.