Os jogos olímpicos no Rio vão contar com uma delegação especial. Dez jovens sem casa, bandeira ou hino e que desfilarão na cerimonia de abertura com a bandeira dos jogos em punho e ao som do hino olímpico.
No sábado deram a conhecer-se ao mundo. Com o nervosismo frequente de quem por momentos se encontra no centro das atenções, mas com um saco cheio de sonhos e esperança. Muitos são refugiados desde crianças. São historias de vida e de sobrevivência incríveis como a de Yusra a jovem síria que com a sua irmã Sarah nadou mais de três horas no mar Egeu puxando com elas o barco com mais de 20 refugiados através de cordas amarradas a um pulso.
Ou dos judocas Yolande Mabika e Popole Misenga que antes de serem abandonados pela comissão técnica da seleção do Congo em 2013, numa competição internacional no Brasil onde receberam refúgio, mas não sem antes terem vivido na rua durante um bom período de tempo, assistiram com 9 e 10 anos ao assassínio dos seus pais no estalar da guerra civil congolesa.
Todos eles vão competir sob a bandeira que une todos os países do mundo. De um mundo que raramente se uniu no combate à tirania que massacra e dizima milhões de inocentes e deixa outros tantos numa luta a braços com a mais terrível das lutas. A sobrevivência.
Um mundo que se une para os olímpicos, mas que insiste em apontar o dedo aos refugiados como o grande foco de insegurança mais recente no ocidente, sem perceber que isso não só é falso como revela uma incapacidade gritante na união dos nossos povos no combate ao terrorismo e à criminalidade organizada.
Não é no pódio que estes jovens procuram um lugar. É no mundo que sentiram a fugir-lhes dos pés.
Deputado. Escreve à segunda-feira