Pagamentos em atraso nos hospitais disparam para 681 milhões de euros

Pagamentos em atraso nos hospitais disparam para 681 milhões de euros


Os pagamentos em atraso nos hospitais públicos atingiram em junho 681 milhões de euros, mais 75 milhões do que no mês anterior. Segundo o relatório da síntese de execução orçamental, são as dívidas hospitalares que mais estão a contribuir para o nível crescente de endividamento entre as entidades públicas, que está por esta altura 225…


Os pagamentos em atraso nos hospitais públicos atingiram em junho 681 milhões de euros, mais 75 milhões do que no mês anterior. Segundo o relatório da síntese de execução orçamental, são as dívidas hospitalares que mais estão a contribuir para o nível crescente de endividamento entre as entidades públicas, que está por esta altura 225 milhões de euros acima do valor registado no final de 2015.

A Direção-Geral do Orçamento salienta que a evolução das dívidas dos hospitais não reflete ainda “ações desenvolvidas no sentido de regularizar dívidas a fornecedores”. O relatório refere nomeadamente a utilização de saldos de gerência de 2015 para regularizar dívidas, expediente que nos últimos anos permitiu a alguns hospitais irem saldando faturas em atraso. De acordo com a síntese de execução orçamental, este ano foram já desbloqueados para esse efeito 70 milhões de euros de saldos cativados em 2015.

Em comunicado, o ministério da Saúde salientou que o saldo do SNS em Junho foi de -4,7 milhões de euros, um dos melhores verificados desde 2014.

Trata-se uma melhoria de 23,3 milhões de euros face ao período homólogo. O desempenho orçamental do SNS agora obtido reflete o crescimento da receita, que aumentou 3% face ao mesmo mês do ano anterior, suportando o crescimento da despesa que foi de 2,4%, informa a tutela. Do lado da despesa, acrescenta o ministério, as medidas de controlo e aumento da eficiência têm permitido manter os custos contidos. As rubricas da aquisição de bens, os pagamentos aos hospitais em regime de Parceria Público-Privada (PPP) e ‘outras despesas correntes’ foram as que apresentaram as reduções mais significativas.

O comunicado do ministério da Saúde não refere os pagamentos em atraso, a componente das contas da saúde que parece estar mais descontrolada. Gestores ouvidos pelo i já admitiram que, mediante os atuais orçamentos, só têm margem para pagar aos fornecedores mais pequenos, estando a protelar o pagamento de medicamentos à indústria farmacêutica. Os pagamentos em atraso dizem respeito a faturas cujo prazo de pagamento acordado com os fornecedores foi ultrapassado em mais de 90 dias. A título comparativo, 680 milhões de euros – o stock de dívida que já devia ter sido paga pelos hospitais – é um valor que excede mais de meio ano de consumo de medicamentos nos hospitais públicos.

Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado do Orçamento já revelou que o Ministério das Finanças, em conjunto com o Ministério da Saúde, tem um plano de libertação de fundos para resolver estes problemas. João Leão indicou que o plano, que abrange a administração central, está a ser desenhado e irá decorrer até Agosto e princípio de Setembro.