Tirando os períodos das guerras, incluindo a Fria, não há memória de uns Jogos Olímpicos tão envoltos em polémicas como os do Brasil que começarão no próximo dia 5. O fracasso desportivo anunciado – há dezenas de atletas que se recusam a participar por diferentes razões de segurança – teve ontem mais um episódio com a proibição de 68 atletas russos participarem nos Jogos, por, alegadamente, estarem envolvidos em escândalos relacionados com doping. Ao que se sabe, o próprio governo russo esteve por detrás dessa aposta em fortalecer os atletas com recurso a substâncias proibidas e ainda não se sabe como Putin irá reagir. Será que não vai deixar ninguém ir? Irá optar pelo boicote total?
E os problemas com o vírus zika? Estará controlado? As condições de segurança para os espetadores estarão garantidas?
A juntar a todas essas contrariedades há o anúncio da detenção de suspeitos de planearem um atentado durante os Jogos. O Estado Islâmico estará envolvido, mas os pormenores ainda são escassos. No Brasil sempre se parodiou a possibilidade de admiradores do Estado Islâmico escolherem o país para fazerem atentados, já que ficariam perdidos e desorientados com a confusão reinante. Brincadeiras à parte, é muito natural que algumas delegações sejam muito apetecíveis para os fundamentalistas, nomeadamente a francesa e a americana.
Claro que no dia 5, quando as luzes se acenderem, muita coisa será esquecida, se até lá não existir nenhum atentado. Se em algumas modalidades não vão estar as principais figuras, como nos casos do basquetebol e do futebol, a verdade é que nomes como Michael Phelps – será que o atleta mais medalhado de sempre em Jogos Olímpicos conseguirá ganhar mais alguma medalha? -, Usain Bolt ou Neymar irão aquecer ainda mais a temperatura brasileira. Afinal, o povo quer é animação. Quarenta anos depois de Nadia Comaneci ter surpreendido o mundo com a sua nota 10 na ginástica artística, esperemos que surja um fenómeno idêntico. Para que no futuro se fale nos Jogos pelos resultados, e não pelos atentados e as guerras do doping.