Há dias ouvi que António Costa era um político para quem contra argumentos não havia factos. E, na verdade, é mesmo assim. A forma como encarou o debate sobre o estado da nação é sintomático disso mesmo.
Desde logo, pelo paradoxo evidente em torno da argumentação sobre as possíveis sanções a Portugal. A culpa é do anterior governo, diz Costa, apoiado pelo coro esquerdino do parlamento, sem perceber o ridículo da afirmação. Afinal de contas, como é possível ter acusado o anterior governo de subserviência e até mesmo de ir além da troika, não perceber que Portugal fez em quatro anos um ajustamento do défice de 11% para 4% (incluindo o Banif e a consolidação do setor financeiro do grupo CGD) e, ao mesmo tempo, dizer que se existirem sanções, a culpa é desse mesmo governo que, pelos vistos, não fez o suficiente para impedir esta eventualidade?
Costa não justifica a disparidade entre as suas previsões de crescimento de 2,1%, (que depois foram corrigidas para 1,8%) e que, na realidade, no primeiro trimestre deste ano foram de 0,9%. Desvaloriza a queda das exportações em mais de 3 pontos e não reconhece nenhuma responsabilidade na perda de mais de 60 mil postos de trabalho só neste primeiro trimestre em relação ao ano passado.
“Cumprimos”, diz com ar superior e satisfeito. Mas o que é facto é que a prestação de um primeiro-ministro não se mede pela sua habilidade política e retórica, mas sim pelas medidas que implementa e pelo resultado que elas surtem no país. Pode, por isso, António Costa argumentar o que quiser e da forma como bem entender. Bem pode insistir na retórica exígua de que estamos no caminho certo porque, na verdade, os portugueses ganham cada vez mais consciência do verdadeiro estado da nação.
Deputado.
Escreve à segunda-feira