Alojamento local. Lisboa ganhou 267,7 milhões de euros só num ano

Alojamento local. Lisboa ganhou 267,7 milhões de euros só num ano


Em relação à taxa turística que começou a ser cobrada pela Airbnb, a plataforma online diz apenas que está satisfeita “com os primeiros passos do sistema”. Maioria das pessoas que colocam a sua casa a arrendar é para pagar contas


A Airbnb, plataforma online de alojamento local, teve um impacto de 267,7 milhões de euros na economia de Lisboa em 2015 e, em termos ambientais, representou uma poupança de energia equivalente a 7600 casas. Esta é uma das conclusões do estudo feito pela empresa, que revela ainda que, só no passado, a cidade lisboeta recebeu 433 mil hóspedes registados através desta aplicação – um valor que, de acordo com a plataforma, mais do que duplicou face a 2014 (213 mil).

Já em relação à taxa turística de Lisboa, que começou a ser cobrada em maio, os responsáveis escusaram-se a revelar qual o valor já cobrado e qual a estimativa para este ano, mas mostraram-se satisfeitos “com os primeiros passos do sistema”.

Neste total de 267,7 milhões de euros incluem-se 42,8 milhões recebidos pelos anfitriões que disponibilizaram casas ou quartos no ano passado, bem como 224,9 milhões gastos pelos hóspedes no comércio local – em restaurantes (37%), compras (21%), entretenimento (15%), transportes (13%) e supermercado (12%), entre outras despesas. Aliás, 38% dos hóspedes da plataforma online de alojamento local gastam, em média, 38% do seu dinheiro em comércio local nos bairros onde ficam alojados.

A empresa acredita que a partilha de casa responsável representa um novo motor para o turismo e economia da capital. “A Airbnb faz crescer a fatia de turismo em Lisboa, atraindo muitos hóspedes que, de outra forma, não teriam ido para a cidade, ou que poderiam não ter ficado durante tanto tempo”, alerta o estudo.

A estadia média fixou-se em 4,1 noites, enquanto na hotelaria esse número desce para duas noites. Em 91% dos casos, as deslocações foram feitas em contexto de lazer e em 3% dos casos relacionaram-se com o trabalho (como conferências ou negócios).

E de acordo com o relatório, a explicação para esta tendência é simples: “A Airbnb é uma forma económica de viajar no verdadeiro sentido da palavra, dando a possibilidade aos viajantes de vivenciar as diferentes culturas locais e explorar a cidade ao seu próprio ritmo, algo que não é possível em alojamentos turísticos.”

Perfil de quem arrenda A média de idades do anfitrião ronda os 39 anos e vive há cerca de 25 anos em Lisboa. Ainda assim, 16% têm mais de 50 anos. São essencialmente as mulheres (51%) que arrendam as suas casas ou quartos. Em 73% dos casos, toda a casa foi arrendada ou estava apta para tal, enquanto em 26% apenas se alugou um quarto privado. Já nos restantes 1%, o espaço foi partilhado.

Feitas as contas, estes 4550 anfitriões que tiveram hóspedes em Lisboa no ano passado ganharam, em média, um rendimento mensal de 530 euros e, em 43% dos casos, os ganhos gerados através da Airbnb são usados para pagar as contas. Já 26% usam os rendimentos para pagar as despesas normais da casa. “Os anfitriões em Lisboa são habitualmente membros da comunidade que arrendam as suas casas ocasionalmente ao longo do ano, recebendo rendimentos suplementares modestos, mas significativos, que os ajudam a pagar as contas”, diz o estudo.

Aliás, o relatório chama ainda a atenção para o facto de 42% dos rendimentos do agregado familiar dos anfitriões estar ao nível ou abaixo do rendimento mediano por agregado familiar em Portugal.

Quanto à localização, o estudo indica também que 70% das casas e quartos arrendados no ano passado ficavam fora dos bairros do centro histórico. E dá como exemplo as zonas de Alvalade e Beato.

Cenário em Portugal Já o número de anfitriões da Airbnb sobe para 15 mil se tivermos em conta todo o território nacional. Aqui, o rendimento mensal desce para 290 euros, mas a duração média de estadia sobe para 4,4 noites.

Também a idade média do anfitrião ronda os 42 anos, mas há um quarto das pessoas que arrendam as suas casas com mais de 50 anos. Mais uma vez, é o segmento feminino a liderar ao fixar-se nos 53%. E 38% usam este rendimento extra para pagar as contas.

Mais de 90% dos hóspedes da Airbnb visitam Portugal em férias e lazer. Apenas 3% pretendem visitar amigos ou família e outros 3% deslocam-se ao nosso país em trabalho. Os hóspedes da plataforma online que ficam alojados em Portugal normalmente viajam em férias e lazer. Os hóspedes escolhem ficar alojados em propriedades Airbnb porque procuram experiências locais e autênticas, salienta o estudo.

As conclusões inserem-se num estudo sobre o impacto económico e social da plataforma em Lisboa, resultante de um inquérito feito a utilizadores da Airbnb que abrangeu entre mil e quatro mil hóspedes e anfitriões.