Dr. CR7, pare de perseguir o CM!


Não interpretem mal a minha defesa do “Correio da Manhã”. Não consumo nem a versão jornalística, nem a televisiva. Tenho um QI superior a 60 e sou exigente


Muito se tem falado do conflito do Dr. Cristiano Ronaldo com o “Correio da Manhã”. É preocupante que duas das principais instituições portuguesas estejam nestes termos. É um conflito que tem tendência a escalar. Até agora, a única vítima foi apenas um microfone. Mas depois de um microfone, o Dr. Ronaldo pode lembrar-se de atirar para o lago um daqueles estagiários que andam a segurar em cabos. Em termos materiais, o microfone é mais valioso (segundo informações do próprio “Correio da Manhã”, custa 292 euros), mas o estagiário é um ser humano, logo muito mais pesado do que um microfone. E se o Dr. Cristiano Ronaldo se lesiona ao arremessar um estagiário para dentro do lago, quem é que vai marcar pontos pela equipa Portugal?

O “Correio da Manhã” até já ameaçou processar toda a gente que insinuar que eles fizeram uma reportagem sobre a família do Dr. Ronaldo. É normal que, como meio de comunicação social, o “CM” tenha muitas preocupações com a verdade dos factos. É o trabalho deles. Mas não podem esperar o mesmo das pessoas que escrevem nas redes sociais. Elas não têm obrigações deontológicas nem equipas de jornalistas de topo a verificar os factos antes de os publicar. O “CM” não pode ser tão exigente.

Proponho uma cimeira de paz entre ambas as partes. O Dr. Ronaldo tem de reconhecer que o “CM”só está a fazer o seu trabalho. O trabalho deles é vender jornais e, para isso acontecer, tem de agradar ao público. O Dr. Cristiano Ronaldo tem de aceitar que, como figura pública, tudo aquilo que se diga sobre ele, verdade ou mentira, vende. Às vezes podem dizer coisas desagradáveis porque, infelizmente, o público gosta de sangue. Mas os jornalistas do “Correio da Manhã” não têm culpa de o público deles ser ignorante e preguiçoso.

Por outro lado, o “Correio da Manhã” tem de aceitar que o Dr. Ronaldo não goste das coisas que publica sobre ele. Principalmente se essas coisas forem mentiras ou ataques à sua privacidade. Por isso, o “CM” tem de assumir que, de vez em quando, o Dr. Ronaldo possa reagir de uma forma desagradável e danificar algum do seu equipamento. É normal. Quem anda à chuva molha-se. Cabe ao “Correio da Manhã” saber explorar esse tipo de acontecimentos e utilizá-lo para atrair ainda mais leitores e telespetadores, como eu estou a fazer nesta crónica. Creio que assim temos base para um entendimento.

Não interpretem mal a minha defesa do “Correio da Manhã”. Não consumo nem a versão jornalística nem a versão televisiva. Tenho um QI superior a 60 e sou exigente. Mas se há um mercado para tanta gente pouco sofisticada, o “CM” só tem de o explorar. Eles não têm culpa nenhuma de os seus leitores serem sádicos e quererem ver velórios de crianças, ou notícias sobre um alegado romance do Dr. Cristiano Ronaldo com um militante do Estado Islâmico (se é verdade que o Dr. Ronaldo tem um caso com um terrorista, isso só diz respeito ao Dr. Ronaldo, ao padre dele, ao Dr. Jesus e, eventualmente, à CIA). Se calhar, as pessoas nem sequer sabiam que queriam consumir este tipo de notícias. Por isso, o “CM” acaba por criar uma necessidade. Olhem o iPhone. Ninguém queria um iPhone antes de ser criado pelo Dr. Steve Jobs. E hoje é o que se vê. Quem sabe se, no futuro, o jornalismo não vai reconhecer o mérito de cobrir velórios ou inventar relações entre pessoas famosas.

Pensem na coragem de um jornalista que cobre um velório de uma criança ou tenta entrevistar um inimigo declarado do seu jornal como o Dr. Ronaldo. São ambientes de cortar à faca. Não deve ser nada fácil estar nessa posição e, como se viu, pode dar para o torto. Ser correspondente no funeral de uma criança ou entrevistar o Dr. Ronaldo em nome do “CM” pode ser mais perigoso do que ser repórter de guerra. Um jornalista até pode levar um tiro se for cobrir a guerra civil em Alepo. Mas um ferimento de bala trata-se com maior ou menor dificuldade. As feridas na consciência de correspondentes em funerais de crianças são muito mais difíceis de tratar. Onde é que se tratam feridas e fraturas expostas na alma?

O melhor comentador da atualidade 


Dr. CR7, pare de perseguir o CM!


Não interpretem mal a minha defesa do “Correio da Manhã”. Não consumo nem a versão jornalística, nem a televisiva. Tenho um QI superior a 60 e sou exigente


Muito se tem falado do conflito do Dr. Cristiano Ronaldo com o “Correio da Manhã”. É preocupante que duas das principais instituições portuguesas estejam nestes termos. É um conflito que tem tendência a escalar. Até agora, a única vítima foi apenas um microfone. Mas depois de um microfone, o Dr. Ronaldo pode lembrar-se de atirar para o lago um daqueles estagiários que andam a segurar em cabos. Em termos materiais, o microfone é mais valioso (segundo informações do próprio “Correio da Manhã”, custa 292 euros), mas o estagiário é um ser humano, logo muito mais pesado do que um microfone. E se o Dr. Cristiano Ronaldo se lesiona ao arremessar um estagiário para dentro do lago, quem é que vai marcar pontos pela equipa Portugal?

O “Correio da Manhã” até já ameaçou processar toda a gente que insinuar que eles fizeram uma reportagem sobre a família do Dr. Ronaldo. É normal que, como meio de comunicação social, o “CM” tenha muitas preocupações com a verdade dos factos. É o trabalho deles. Mas não podem esperar o mesmo das pessoas que escrevem nas redes sociais. Elas não têm obrigações deontológicas nem equipas de jornalistas de topo a verificar os factos antes de os publicar. O “CM” não pode ser tão exigente.

Proponho uma cimeira de paz entre ambas as partes. O Dr. Ronaldo tem de reconhecer que o “CM”só está a fazer o seu trabalho. O trabalho deles é vender jornais e, para isso acontecer, tem de agradar ao público. O Dr. Cristiano Ronaldo tem de aceitar que, como figura pública, tudo aquilo que se diga sobre ele, verdade ou mentira, vende. Às vezes podem dizer coisas desagradáveis porque, infelizmente, o público gosta de sangue. Mas os jornalistas do “Correio da Manhã” não têm culpa de o público deles ser ignorante e preguiçoso.

Por outro lado, o “Correio da Manhã” tem de aceitar que o Dr. Ronaldo não goste das coisas que publica sobre ele. Principalmente se essas coisas forem mentiras ou ataques à sua privacidade. Por isso, o “CM” tem de assumir que, de vez em quando, o Dr. Ronaldo possa reagir de uma forma desagradável e danificar algum do seu equipamento. É normal. Quem anda à chuva molha-se. Cabe ao “Correio da Manhã” saber explorar esse tipo de acontecimentos e utilizá-lo para atrair ainda mais leitores e telespetadores, como eu estou a fazer nesta crónica. Creio que assim temos base para um entendimento.

Não interpretem mal a minha defesa do “Correio da Manhã”. Não consumo nem a versão jornalística nem a versão televisiva. Tenho um QI superior a 60 e sou exigente. Mas se há um mercado para tanta gente pouco sofisticada, o “CM” só tem de o explorar. Eles não têm culpa nenhuma de os seus leitores serem sádicos e quererem ver velórios de crianças, ou notícias sobre um alegado romance do Dr. Cristiano Ronaldo com um militante do Estado Islâmico (se é verdade que o Dr. Ronaldo tem um caso com um terrorista, isso só diz respeito ao Dr. Ronaldo, ao padre dele, ao Dr. Jesus e, eventualmente, à CIA). Se calhar, as pessoas nem sequer sabiam que queriam consumir este tipo de notícias. Por isso, o “CM” acaba por criar uma necessidade. Olhem o iPhone. Ninguém queria um iPhone antes de ser criado pelo Dr. Steve Jobs. E hoje é o que se vê. Quem sabe se, no futuro, o jornalismo não vai reconhecer o mérito de cobrir velórios ou inventar relações entre pessoas famosas.

Pensem na coragem de um jornalista que cobre um velório de uma criança ou tenta entrevistar um inimigo declarado do seu jornal como o Dr. Ronaldo. São ambientes de cortar à faca. Não deve ser nada fácil estar nessa posição e, como se viu, pode dar para o torto. Ser correspondente no funeral de uma criança ou entrevistar o Dr. Ronaldo em nome do “CM” pode ser mais perigoso do que ser repórter de guerra. Um jornalista até pode levar um tiro se for cobrir a guerra civil em Alepo. Mas um ferimento de bala trata-se com maior ou menor dificuldade. As feridas na consciência de correspondentes em funerais de crianças são muito mais difíceis de tratar. Onde é que se tratam feridas e fraturas expostas na alma?

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