Contas. O “galo” de Santos, a fé de Marcelo e a calculadora do tuga

Contas. O “galo” de Santos, a fé de Marcelo e a calculadora do tuga


Está tudo em aberto no grupo de Portugal. Da eliminação ao primeiro lugar tudo é possível. O pior são os adversários nos oitavos-de-final que o terceiro posto pode provocar: Espanha ou Alemanha. O segundo lugar abre a porta a um confronto possível nos quartos-de-final com a anfitriã França


É tudo uma questão de contas ou de números. Disse-o um dia Guterres, mas acabou a engasgar-se na matemática do PIB, quando lhe perguntaram “isso é quanto em dinheiro?”. Quanto muito seria a economia, como Bill Clinton fez questão de utilizar quando chamou estúpido a George Bush embalado pelo estratega da campanha presidencial James Carville. Lembram-se? "It's the economy, stupid" Resta-nos Fernando Santos: estes dois empates trocados por miúdos, dá quanto na classificação final?

Ninguém fez esta pergunta a Santos no final do segundo empate em dois jogos no Europeu, depois do primeiro frente à Islândia (1-1), seguiu-se outro ante a Áustria (0-0). Mas o selecionador respondeu na mesma e chamou-lhe “galo”. Isso mesmo, azar, falta de sorte. É o destino. “Às vezes há ‘galo’. Temos tido ‘galo’. Sem ofensa nenhuma aqui à seleção francesa de râguebi, que nos tem recebido de forma fantástica e amável (no Centro Nacional de Râguebi). Isto é uma brincadeira. Portugal fez uma exibição muito boa, mas não conseguiu concretizar”, disse-o na conferência de imprensa.

É caso para pensar. Com apenas um golo marcado em 50 remates atirados nos dois jogos da fase de grupos, alguma coisa está a falhar. Há outra estatística: Ronaldo falhar 40% dos penáltis na seleção – esta época marcou 14 penáltis e falhou cinco, entre clube e seleção. Na sua carreira, CR7 foi chamado a marcar seis grandes penalidades decisivas entre Mundiais, Europeus e Champions: falhou dois: contra o Bayern no desempate de penáltis que eliminou o Real da Champions em 2012 e este sábado contra a Áustria.

Há antídoto para tudo. E mais ainda se Marcelo Rebelo de Sousa estiver por perto (e está). O Presidente da República está cheio de confiança no apuramento para os oitavos-de-final e disse que irá estar no jogo com a Hungria. “Lá estarei no dia 22, em Lyon, para testemunhar a qualificação. Não me passa pela cabeça qualquer hipótese de não sermos qualificados, bem qualificados”. Há dúvidas? Para Marcelo não: “Nós somos os melhores e temos oportunidade de mostrar isso dia 22 em Lyon e continuarmos a progressão no Euro que é a expectativa de todos os portugueses, especialmente os que vivem em França”.

Parece tudo certo menos numa coisa. É difícil Portugal ficar de fora da fase seguinte, só mesmo uma catástrofe tiraria a seleção portuguesa dos oitavos-de-final, mas outro cenário que não o primeiro lugar no grupo F pode dificultar (em muito) o percurso dos portugueses. E é aqui que entra a calculadora do tuga (esse adepto habituado a fazer contas). Acabar como líder da tabela significa cruzar com o segundo do grupo E (que tudo indica que será a Bélgica). Se formos segundos, iremos defrontar o segundo do grupo B (Gales, Eslováquia ou Rússia), mas logo a seguir, nos quartos-de-final, virá a França (se passar o confronto com um terceiro classificado do grupo C, D ou E). Um cenário ainda mais difícil seria Portugal ficar em terceiro e aí apanhar a Espanha (primeiro do grupo D) ou a Alemanha (líder do grupo C). Deste cenário dependerão as contas dos melhores terceiros classificados. Alguém falou em números?