A história é conhecida e foi contada pelo próprio Guardiola. Depois de Iniesta – outra e outra e outra vez – ter sido considerado o melhor em campo no jogo da final do Mundial 2010, com o golo marcado à Holanda e dar ao seu país o primeiro título de campeão do mundo, em Espanha não se falava de outra coisa senão a Bola de Ouro cair nas mãos de Andrés, esse débil futebolista do Barcelona com 1,71m e muito futebol naqueles pés. De facto, Iniesta fazia parte do lote final: com ele, corriam ao prémio da FIFA de melhor jogador do planeta Xavi e Messi. Os espanhóis nunca tiveram um jogador seu no topo da FIFA e, caso não dessem o prémio a Iniesta dariam a Xavi, cérebro do meio-campo de Espanha. Foi aí que entrou Pep e explicou que era impossível isso acontecer: “Os dois treinam com Messi todos os dias e sabem quem é o melhor”. Ponto final. Claro que seria o argentino a levar a bola dourada para casa e, até hoje, a Espanha continua sem o seu futebolista consagrado a ouro.
Agora a UEFA parece reavivar esse fantasma. Na escolha do melhor onze da primeira jornada, o espanhol que foi considerado o melhor em campo no jogo da Espanha frente à Rep. Checa (1-0) – e foi dele a assistência para a cabeça de Piqué – mas não entra na equipa ideal do site oficial do Campeonato da Europa. Não foi só Espanha a indignar-se, apesar de ver três jogadores do seu país escolhidos (Juanfran, Piqué e Jordi Alba). A Itália, que venceu a Bélgica no jogo inaugural do grupo E por 2-0, também se manifestou: nem um italiano entre os onze. Ma, come?
A UEFA já veio justificar-se. Não é fácil, já que por exemplo Cristiano Ronaldo faz parte do lote dos melhores. Como? O português pode ser um dos melhores do mundo (ou será mesmo o melhor não havendo Messi em prova por ser argentino), mas até o próprio admitiu que esteve longe das suas melhores noite na partida contra a Islândia, um jogo que os super-favoritos portugueses nem sequer conseguiram vencer (ficou 1-1) perante um adversário claramente mais fraco (são 35.º do ranking das seleções, bem longe do oitavo de Portugal).
E o que diz a UEFA sobre este barómetro do futebol? Que é feito por uma plataforma publicitária criada pelo patrocinador SOCAR, a companhia estatal petrolífera da República do Azerbaijão. E o que tem? É um suporte que trabalha através de estatísticas e funciona por fórmulas matemáticas – ou seja, “pega nos números oficiais dos futebolistas e trata-os através de um algoritmo especialmente desenhado para criar as classificações”. E assim, o organismo europeu de futebol lava as mãos.