Bloco de Esquerda e PCP criticam António Costa por convidar os professores a emigrar. O primeiro-ministro negou hoje que tivesse apelado à emigração, mas isso não impediu os partidos que apoiam o governo de se distanciarem da declaração feita em Paris.
O Bloco de Esquerda foi o mais duro com Costa. “Manter-se o uso do argumento demográfico faz uma similitude que preferíamos que não acontecesse e espero bem que o senhor primeiro-ministro vá consultar os números sobre a redução de número de alunos e professores”, disse a porta-voz do Bloco, alertando que o “maior erro é tentar juntar o problema demográfico ao problema do crescente desemprego de professores”.
Catarina Martins explica que “esse é um argumento que não colhe com a realidade: nos últimos anos o número de alunos em Portugal desceu 6% e o número de professores em Portugal desceu 20%. Por isso, o desemprego dos professores não é uma questão demográfica mas é sim resultado de uma escolha política”.
O deputado do BE Jorge Costa considerou “a frase infeliz por vários motivos, mas o principal é que se baseia numa falsidade (…) O desemprego docente é fruto de alterações políticas e não de “alterações demográficas”.
O PCP também se demarcou da afirmação feita pelo primeiro-ministro. “Não acompanhamos essa declaração”, disse Jerónimo de Sousa. O secretário-geral do PCP defendeu que “não pode ser o Estado a alimentar a ideia de que os professores devem sair do país” e, tendo em conta “as necessidades da escola pública”, existe a possibilidade de “colocar professores no seu país”.