O CDS-PP vai pedir a apreciação parlamentar da iniciativa legislativa do governo que permite aumentar os salários dos gestores da Caixa Geral de Depósitos (CGD), assim como o número de administradores do banco público. A decisão foi avançada ao i pela deputada Cecília Meireles.
“Para o CDS-PP não é uma prioridade estar agora a aumentar o número de gestores e a tratar de questões remuneratórias na Caixa quando, ultimamente, temos ouvido falar muito do banco por razões sérias e graves”, adiantou, ao comentar a decisão saída da reunião do Conselho de Ministros de quarta-feira, que eliminou os tetos salariais aos gestores da CGD.
A deputada lembrou ainda que a bancada do CDS-PP “já questionou o governo por mais de uma vez sobre o assunto Caixa”.
“Queremos saber o que se passa realmente. Tem-se ouvido dizer que é preciso recapitalizar a Caixa, que é o banco de todos nós. Mas em quanto, porquê, como e quando? Estas perguntas já foram feitas, mas continuam sem respostas. Essa devia ser a prioridade do governo”, acentuou a ex-secretária de Estado do Turismo.
“Vamos pedir a apreciação parlamentar da iniciativa legislativa que deu origem ao aumento do número de gestores e à alteração da situação remuneratória”, concluiu.
Esquerda moderada À esquerda, entre os partidos que apoiam o governo, tanto BE como PCP mostraram-se contrários à decisão, mas num tom moderado.
O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, em declarações ao i, assumiu que os comunistas “não são favoráveis a decisões que visem aumentar salários de gestores e administradores públicos”.
“Qualquer decisão que desconsidere a situação global relativa às remunerações dos trabalhadores não é adequada”, disse, acrescentando: “Para o PCP é incorreto tomarem-se decisões sobre gestores públicos fora do contexto, sem levar em consideração a situação geral remuneratória dos trabalhadores”.
O Bloco de Esquerda, através de declarações do deputado Heitor de Sousa ao site esquerda.net, manifestou estranheza pela decisão do governo em aumentar o salário de gestores em tempo de despedimentos.
“O Bloco vê com muita estranheza esta decisão do governo, numa altura em se discute um plano de reestruturação da CGD que pode implicar o despedimento de trabalhadores. Por outro lado, está em discussão no parlamento um projeto para limitar os salários dos gestores públicos, pelo que esta decisão é ainda mais incoerente”, acentuou.
A CGTP, através do secretário-geral, também criticou a decisão do governo em acabar com o teto salarial aos gestores da Caixa. Para Arménio Carlos “não se pode andar a dizer aos trabalhadores que a CGD tem dificuldades e, por outro lado, abrir-se uma modalidade especial para pagar a gestores vencimentos acima do estabelecido”, afirmou.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, já veio esclarecer que os trabalhadores também vão ser abrangidos por medidas idênticas àquelas que serão tomadas para alinhar as remunerações dos gestores da Caixa à média da concorrência. Estas alterações visam “colocar a Caixa nas mesmas condições da concorrência”, disse Centeno.