Com a distância de poucas horas, um jogo ver-se usado como inspiração para uma campanha política e para um filme, quase parece uma piada ou algo no terreno da ficção cientifica. Mas foi exatamente o que aconteceu com “Angry Birds”. Por um lado foi a JSD do Porto que divulgou um cartaz onde António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa são apresentados como estes passarocos zangados. Por outro, chegou às salas o filme de animação digital em 3D baseado no jogo “Angry Birds”.
Já se perdeu a conta dos jogos que viraram filmes de sucesso. “Super Mário”, “Resident Evil”, “Tomb Raider” e tantos outros. Aliás, tornou-se prática comum assumir que, se um jogo de vídeo é um sucesso, mais cedo ou mais tarde será possível vê-lo no escurinho do cinema. O que nunca tinha acontecido – até agora – era ver um jogo de telemóvel transformado em filme. E é esta a grande novidade de “Angry Birds – O Filme”, uma coprodução da Rovio, a empresa finlandesa que criou o jogo em 2009, e da Sony. Quer dizer, semi-novidade, porque a verdade é que, depois da versão para telemóvel, foi lançada a versão jogo de vídeo de “Angry Birds”, duas séries de desenhos animados e, só depois de tudo isto, chegou o filme.
Na altura do lançamento do filme nos EUA, há cerca de dez dias, o presidente da Rovio não fez por menos e assumiu que queria fazer frente a gigantes como a Disney, a Pixar ou a DreamWork. Para tal, escolheu uma equipa de luxo: Jon Vitti, argumentista do “Saturday Night Live” e d’”Os Simpsons”, e os animadores Clay Kaytis e Fergal Reilly, cujos currículos incluem largos anos na Disney e na Sony. A estes juntaram-se as vozes de Jason Sudeikis, Josh Gad, Danny McBride, Bill Hader, Maya Rudolph, e Peter Dinklage, entre outros. Ou, na versão portuguesa, Vasco Palmeirim, Bruno Ferreira, Eduardo Madeira, Cláudia Semedo, Manuel Marques, Joaquim de Almeida, Blaya, Feromonas e Agir.
Ao longo de 95 minutos procura-se perceber como é que pássaros e porcos se tornaram inimigos, ao ponto dos segundos estarem constantemente a ser projetados, através de catapultas, contra os primeiros. Resumidamente é isto que constitui o jogo que conquistou milhões de pessoas em todo o mundo. Na versão cinema a isto juntam-se umas quantas piadas pelo meio. Mas é só. Para quem nunca se deixou seduzir pelo jogo, seguramente não terá qualquer espécie de apreço pelo filme. Para os viciados em “Angry Birds”, este filme é qualquer coisa como porem-lhe o seu jogo favorito a correr à frente, enquanto lhe atam as mãos. Ou seja, não sobra mais nada sem ser aguardar pelo game over.