Amor e comida. Afinal, entre marido e mulher mete-se toda a cozinha

Amor e comida. Afinal, entre marido e mulher mete-se toda a cozinha


Conhecemos alguém, perguntamos o nome, queremos saber a profissão e, com sorte, levamos para casa um número de telefone. Talvez seja boa ideia começar a incluir os pratos favoritos do outro nessa lista digna de primeiro encontro. Um novo estudo diz que a atração é maior por quem tenha gostos alimentares semelhantes


Convidar um vegetariano para jantar no “Rei dos Leitões” ou levar um amante das quinoas e sementes a um almoço rápido no McDonald’s não é, à partida, a mais brilhante das ideias para um primeiro encontro. O senso comum e o instinto costumam falar mais alto e ajudar nestas escolhas mas, para os menos experientes nesta arte de agradar à cara-metade, aqui vai uma pressão extra: um estudo recente indica que uma em cada três pessoas afirma que, se as preferências alimentares do seu parceiro não forem compatíveis com as suas, o futuro da relação está comprometido. Não é surpreendente, por isso, que 29% tenham referido achar pouco atraente quando, num restaurante, o seu acompanhante escolhe comida de que eles não gostam e que um em cada cinco dos inquiridos tenha confessado já ter pedido um prato que não aprecia simplesmente para impressionar alguém.

Os que têm mesa marcada para a próxima sexta à noite estão já a rever restaurantes e ementas e a pensar ter de trocar o tofu por uma sandes de leitão ou a salada por um Big Mac. Não será caso para tanto, mas a verdade é que, historicamente, estômago e coração sempre tiveram uma relação mais próxima do que aquela oferecida pela anatomia humana. Basta para isso ver que os primeiros encontros são normalmente em jantares, o copo-d’água é uma das partes mais importantes do casamento e tudo se festeja à volta de uma mesa. “Em Portugal, não se come só por comer, há um prazer em estar à mesa, em socializar e prolongar a refeição ao máximo”, lembra Vânia Beliz.

A sexóloga não se mostra surpreendida com os resultados de um estudo que faz uma ligação tão forte entre a comida e as relações. “O comportamento alimentar é um dos mais próximos do sexual”, refere, “até porque também a comida está ligada ao prazer e à satisfação.”

Ao fazer a análise do estudo que envolveu mais de 12 mil inquéritos online, feitos a indivíduos de 12 países diferentes, Vânia lembra que o nível de compatibilidade de um casal pode começar a notar–se logo à mesa, até porque, segundo a especialista, a alimentação é também influenciada pela educação e pela cultura, dois fatores de aproximação ou afastamento. “Um africano, provavelmente habituado a paladares mais condimentados, irá atrair pessoas com o mesmo perfil. A mesma coisa para um vegan, por exemplo, que seguramente se sentirá mais atraído por alguém mais sensível e com uma maior preocupação com o que o rodeia”, explica.

O sabor e o amor Na verdade, o estudo revelou que o sabor é tão importante para as pessoas que mais de três quartos dos participantes declararam que, por ele, estariam dispostos a sacrificar outras áreas da sua vida, tais como as redes sociais (75%), o direito de voto (70%), o sucesso profissional (48%) e até o sexo (48%, sendo esta percentagem de 42% no caso dos homens e 55% no caso das mulheres).

Perante estes resultados, a marca Knorr decidiu pôr a teoria à prova e organizou uma série de blind dates intimistas entre casais de desconhecidos com gostos alimentares e perfis de sabor em comum. Baseado no famoso vídeo que pôs desconhecidos a beijarem-se – “First Kiss” -, o “Amor à primeira garfada” juntou à mesa casais com gostos comuns, desde comida picante a fast food, com apenas uma regra estipulada: tinham de se alimentar um ao outro. O que começou com risos envergonhados acabou em algo tão íntimo que, num dos casos, deu até lugar a uma história de amor com um protagonista português.

António e Irma tinham em comum o gosto por comida picante, mas a atração à mesa foi tão forte que não se ficaram pelo primeiro encontro debaixo de holofotes. “É impressionante como o mesmo gosto por comida pode funcionar como ponto de atração”, conta António, num vídeo que acompanha o que aconteceu depois da experiência. “O facto de nos terem juntado apenas com base no gosto em comum por comida picante é incrível”, admite Irma.