O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, reuniu--se ontem com Amina Ali Nkek, a primeira a aparecer das 276 jovens raptadas pelo grupo islamita Boko Haram em Chibok, na Nigéria, em 2014.
Este encontro foi um ponto de partida para que sejam descobertas as restantes jovens ainda desaparecidas – acredita-se que sejam 200 -, medida que faz parte das promessas do presidente nigeriano.
No fim do encontro, o presidente garantiu que a jovem se encontra bem e que “a sua educação é uma prioridade do governo”. O porta-voz do presidente garantiu ainda que Amina terá toda a ajuda possível para que consiga integrar-se na sociedade. “Embora não possamos fazer nada para reverter os horrores do seu passado, o governo pode e vai fazer o possível para garantir que o resto da sua vida toma um rumo diferente”, prometeu Buhari. “Amina vai receber os melhores cuidados que o governo nigeriano pode pagar. Vamos garantir que ela tem o melhor médico, o melhor psicólogo e qualquer outro cuidado de que necessitar para que tenha uma recuperação completa e seja reintegrada na sociedade”, garantiu ainda.
Testemunho Hoje com 19 anos, Amina falou um pouco sobre o que aconteceu nos últimos dois anos. “O resto das meninas estão vivas e bem. Estão a ser mantidas na floresta de Sambisa, um reduto do Boko Haram”, disse Olatunji Olarewanju, um representante da campanha pelo resgate das raparigas de Chibok com base no testemunho de Amina. Olarewanju acrescentou que das 200 raparigas, seis já morreram. As restantes estão “sob um cativeiro terrorista bastante pesado”.
Amina foi encontrada na quarta-feira na zona de Kulakasha, perto da floresta de Sambisa. A jovem trazia um bebé nos braços e fazia-se acompanhar de um homem, pertencente ao grupo Boko Haram, que diz ser seu marido e que está atualmente sob a alçada dos militares nigerianos.
Mais tarde, o alegado marido, Mohammed Hayatu, avançou que os principais fatores que os levaram a abandonar o reduto do grupo islamita foram a fome e a doença. O homem confirmou ser um dos membros do Boko Haram e adiantou ter fugido para proteção da sua família. A antiga família de Hayatu morreu de fome.
Segundo as autoridades locais, as informações de Amina e do homem que a acompanhava podem ser relevantes para encontrar as restantes raparigas.
Crianças O principal alvo deste grupo islamita são as crianças.
O número de crianças raptadas e usadas em ataques pelo grupo na região do lago Chade, na Nigéria, tem aumentado. Em 2015, esse número multiplicou-se por dez, segundo dados avançados pela Unicef. Segundo o relatório da organização, em 2014 foram usadas quatro crianças e, em 2015, 44. Na sua maioria – mais de 75% – são raparigas.
Os ataques do grupo terrorista na Nigéria começaram há sete anos e, até ao momento, já provocaram cerca de 17 mil mortes.