Costa, que foi confrontado pelos jornalistas com o assunto à saída da cerimónia de abertura do Eurolat, remeteu um comentário para mais tarde e para o palco onde Carlos Costa e Marcelo Rebelo de Sousa usaram para falar no banco mau: a conferência sobre o setor financeiro onde o primeiro-ministro vai estar ao final da tarde de hoje.
No Parlamento e sob a pressão da esquerda desconfiada de uma fórmula que possa trazer custos para os contribuintes, Costa limitou-se a dizer que qualquer solução para o malparado bancário será "à portuguesa".
Foi a forma encontrada para afastar a solução à italiana, que implicou a criação de um veículo constituído por privados e que, por isso, absorveu uma parte muito reduzida do total do crédito malparado. Mas também a solução à espanhola, que implicou um resgate com custos para os contribuintes, parece ter ficado fora desta solução "à portuguesa".
Carlos Costa admitiu hoje, porém, uma solução à italiana, sendo certo que, para o governador do Banco Portugal, não há volta a dar: será mesmo preciso fazer alguma coisa.
"Não é possível resolver este problema sem uma abordagem sistémica, não banco a banco e obviamente numa base voluntária. Os bancos não têm possibilidade de atrair capital de compensação para as perdas que resultarão da alienação de ativos", defendeu Carlos Costa.
A preocupação encontra eco em Belém, com Marcelo a defender também hoje a necessidade de encontrar uma "fórmula" para resolver o problema.
"Fórmula essa que não implique avançar para modelos de duvidosa exequibilidade ou de custos incomportáveis", frisou o Presidente.
Centeno quer mudar supervisão
Mário Centeno, que também falou na conferência, concorda com a importância de resolver o problema. Mas preferiu lembrar que é urgente ter melhor supervisão para evitar novos casos como os do Banif e do BES.
"A autoridade de resolução deverá ser independente das instituições de supervisão financeira e as funções transversais de supervisão deverão estar incluídas em organismos que possam ter uma capacidade de intervenção, ela própria transversal", defendeu o ministro das Finanças, fazendo eco de uma preocupação várias vezes referida por António Costa, que quer tornar independentes a resolução e a supervisão, que agora estão ambas sob a tutela do Banco de Portugal.