“O PCP ainda não matou o pai. E o pai é a União Soviética”, diz o bloquista, com a ressalva, importante em tempos de geringonça, de que esta é uma perspectiva meramente pessoal.
O recém jubilado professor de História não esconde, porém, algum ceticismo relativamente aos efeitos que estes acordos à esquerda terão no PCP.
Fernando Rosas não tem a certeza de que esta experiência de governação sirva “para o partido se abrir", apesar de defender que o PCP "tem de se abrir à colaboração à esquerda, sem ter medo”.
Questionado pela jornalista Maria Flor Pedroso, sobre se isso não está a acontecer agora, o historiador responde com um “vamos ver, a experiência ainda está a decorrer”.
“É um partido com tiques de sectarismo e de exclusivismo na vida política que, espero, que com o tempo, passem", comenta.
De resto, o histórico Bloquista não acredita que a geringonça parta por dentro. Segundo Rosas, o perigo vem de fora.
“Esta Europa está a conspirar activamente contra a solução portuguesa até porque é a única neste momento e eles têm medo que passe para a Espanha”, aponta Rosas, que acha que a única via será pela resistência de Costa à ingerência da Europa.
“Para [o Governo] chegar ao fim [da legislatura] o PS vai ter se aguentar à bronca” na Europa.
Mas, para já, está confiante no primeiros-ministro. "Acho que até agora não se tem aguentado mal”.
"MRPP é uma seita"
Além do PCP, as críticas vão também para outro partido em que militou, o MRPP, que agora atravessa uma crise, depois de expulsar o seu histórico líder Garcia Pereira.
“É uma seita exotérica, e por respeito pelo meu passado, não abundarei sobre aquilo que penso sobre a tristíssima figura que os restos do MRPP estão a fazer”, diz sobre o partido que ajudou a fundar antes do 25 de Abril.