Precariedade: uma oportunidade em cada esquina


Os lutadores, como eu, olham para a competitividade do mercado de trabalho como uma oportunidade de se tornarem Super-Homens e, pelo caminho, espezinharem uns quantos chorões


Muitos jovens, do conforto das saias das suas mamãs, queixam-se de que o mercado de trabalho está muito difícil. São precários, coitadinhos! O “mamã, sou precário, dá-me comidinha e dinheiro para droga” está para esquerdalhos adultos como o “mamã, dói-me a barriguinha, dá-me uma Playstation” está para crianças mimadas manipuladoras. Eles queixam-se de que só lhes oferecem estágios não remunerados ou contratos mensais não renováveis e que, portanto, não podem contrair empréstimos à habitação para saírem de casa dos pais aos 35 anos ou comprar um carro. Na verdade, o que eles querem é ficar em casa da mamã e, como não têm coragem de assumir que são uns preguiçosos comodistas, preferem chamar-se a si próprios “precários”. De facto, é muito mais confortável ficar em casa da mamã em vez de se fazerem à vida. Aquilo a que estes meninos chamam precariedade é apenas a “vida”. A vida é, na sua essência, precária. Só abraçando essa precariedade conseguimos evoluir.

A palavra precariedade foi inventada pela esquerda para camuflar e gerar empatia para com uma enorme franja de subsidiodependentes que, depois de gastarem o dinheiro que lhes chega via impostos dos que trabalham, fazem-se de vítimas porque as empresas só lhes garantem um mês de trabalho. Por isso, prefiro falar em flexibilidade das relações laborais.

O mundo mudou e mudou para melhor. Noutros tempos, as pessoas escolhiam uma profissão aos 14 anos e mantinham-se nessa profissão até à reforma. Que vida tão maçadora. Imaginem que estão no leito de morte e os vossos bisnetos vos pedem para fazerem um resumo da vossa vida. O que querem responder-lhes? “Fui mediador de seguros 40 anos e passava sempre férias no Algarve. Fim.” Ou: “Fritei nuggets, persegui pessoas em shoppings para lhes impingir o Barclaycard, fui operador de call center, delegado de propaganda médica e agente imobiliário da Remax, tudo isto num mês.” É claro que vão escolher a segunda resposta. Aqueles que se queixam de precariedade estão a fugir de uma vida interessante que irá orgulhar os seus netos. O desemprego é um luxo do qual, neste momento, infelizmente não posso desfrutar porque tenho um emprego como consultor efetivo da Goldman Sachs. No entanto, acreditem que não estou agarrado a um tacho e voltaria facilmente para o desemprego com um sorriso nos lábios. A possibilidade de mantermos os nossos horizontes em aberto, de podermos conhecer vários ambientes de trabalho, de aprendermos com vários chefes, de não sabermos se no dia de amanhã estaremos despedidos ou não, tudo isso cria uma sensação de que estamos vivos e que o nosso emprego não nos define como seres humanos.

Em suma, há dois tipos de pessoas: os chorões e os lutadores. Os chorões lidam com a precariedade culpando tudo e todos dos seus próprios problema, sejam os bancos, os empresários, o Rato Mickey ou a Dra. Cicciolina. Os lutadores, como eu, olham para a competitividade do mercado de trabalho como uma oportunidade de se tornarem Super-Homens e, pelo caminho, espezinharem uns quantos chorões. Não porque sejamos cruéis. Ninguém tem prazer em espezinhar outras pessoas. Se o fazemos, é pelo bem deles. Alguém tem de fazer por eles o que as suas mamãs não foram capazes de fazer, que é dizer-lhes: “Meu menino, eu não vou estar aqui para sempre, por isso vai trabalhar que não estou para te sustentar, nem à namorada checa que trouxeste do terceiro Erasmus.” É por isso que contrato estagiários não remunerados. Não porque a minha empresa não tenha dinheiro (tem, e não é pouco), mas por uma questão de serviço público. Os jovens são muito mimados hoje em dia e precisam de saber o que a vida custa. O privilégio de trabalharem comigo sem receberem dinheiro torna-os seres humanos melhores e mais adaptáveis ao “papão da precariedade”. Depois de uns tempos comigo estão habilitados para qualquer trabalho precário que apareça e, se aproveitarem bem, quem sabe até podem vir a ter os seus próprios chorões para espezinhar e transformar em lutadores.

O melhor comentador da atualidade

Precariedade: uma oportunidade em cada esquina


Os lutadores, como eu, olham para a competitividade do mercado de trabalho como uma oportunidade de se tornarem Super-Homens e, pelo caminho, espezinharem uns quantos chorões


Muitos jovens, do conforto das saias das suas mamãs, queixam-se de que o mercado de trabalho está muito difícil. São precários, coitadinhos! O “mamã, sou precário, dá-me comidinha e dinheiro para droga” está para esquerdalhos adultos como o “mamã, dói-me a barriguinha, dá-me uma Playstation” está para crianças mimadas manipuladoras. Eles queixam-se de que só lhes oferecem estágios não remunerados ou contratos mensais não renováveis e que, portanto, não podem contrair empréstimos à habitação para saírem de casa dos pais aos 35 anos ou comprar um carro. Na verdade, o que eles querem é ficar em casa da mamã e, como não têm coragem de assumir que são uns preguiçosos comodistas, preferem chamar-se a si próprios “precários”. De facto, é muito mais confortável ficar em casa da mamã em vez de se fazerem à vida. Aquilo a que estes meninos chamam precariedade é apenas a “vida”. A vida é, na sua essência, precária. Só abraçando essa precariedade conseguimos evoluir.

A palavra precariedade foi inventada pela esquerda para camuflar e gerar empatia para com uma enorme franja de subsidiodependentes que, depois de gastarem o dinheiro que lhes chega via impostos dos que trabalham, fazem-se de vítimas porque as empresas só lhes garantem um mês de trabalho. Por isso, prefiro falar em flexibilidade das relações laborais.

O mundo mudou e mudou para melhor. Noutros tempos, as pessoas escolhiam uma profissão aos 14 anos e mantinham-se nessa profissão até à reforma. Que vida tão maçadora. Imaginem que estão no leito de morte e os vossos bisnetos vos pedem para fazerem um resumo da vossa vida. O que querem responder-lhes? “Fui mediador de seguros 40 anos e passava sempre férias no Algarve. Fim.” Ou: “Fritei nuggets, persegui pessoas em shoppings para lhes impingir o Barclaycard, fui operador de call center, delegado de propaganda médica e agente imobiliário da Remax, tudo isto num mês.” É claro que vão escolher a segunda resposta. Aqueles que se queixam de precariedade estão a fugir de uma vida interessante que irá orgulhar os seus netos. O desemprego é um luxo do qual, neste momento, infelizmente não posso desfrutar porque tenho um emprego como consultor efetivo da Goldman Sachs. No entanto, acreditem que não estou agarrado a um tacho e voltaria facilmente para o desemprego com um sorriso nos lábios. A possibilidade de mantermos os nossos horizontes em aberto, de podermos conhecer vários ambientes de trabalho, de aprendermos com vários chefes, de não sabermos se no dia de amanhã estaremos despedidos ou não, tudo isso cria uma sensação de que estamos vivos e que o nosso emprego não nos define como seres humanos.

Em suma, há dois tipos de pessoas: os chorões e os lutadores. Os chorões lidam com a precariedade culpando tudo e todos dos seus próprios problema, sejam os bancos, os empresários, o Rato Mickey ou a Dra. Cicciolina. Os lutadores, como eu, olham para a competitividade do mercado de trabalho como uma oportunidade de se tornarem Super-Homens e, pelo caminho, espezinharem uns quantos chorões. Não porque sejamos cruéis. Ninguém tem prazer em espezinhar outras pessoas. Se o fazemos, é pelo bem deles. Alguém tem de fazer por eles o que as suas mamãs não foram capazes de fazer, que é dizer-lhes: “Meu menino, eu não vou estar aqui para sempre, por isso vai trabalhar que não estou para te sustentar, nem à namorada checa que trouxeste do terceiro Erasmus.” É por isso que contrato estagiários não remunerados. Não porque a minha empresa não tenha dinheiro (tem, e não é pouco), mas por uma questão de serviço público. Os jovens são muito mimados hoje em dia e precisam de saber o que a vida custa. O privilégio de trabalharem comigo sem receberem dinheiro torna-os seres humanos melhores e mais adaptáveis ao “papão da precariedade”. Depois de uns tempos comigo estão habilitados para qualquer trabalho precário que apareça e, se aproveitarem bem, quem sabe até podem vir a ter os seus próprios chorões para espezinhar e transformar em lutadores.

O melhor comentador da atualidade