As imagens da madrugada de segunda-feira, em que o dono de um restaurante enfrenta um grupo de cerca de uma dezena de jovens que o tentam atacar, impressionam quem não frequenta a noite de Lisboa. “Estas situações acontecem todas as semanas, com mais ou menos gravidade”, conta ao i fonte da PSP habituada a lidar com este tipo de casos. E os episódios com armas de fogo, ainda que raros, preocupam a polícia, que tem já delimitadas zonas vermelhas.
Não há noite de sexta-feira, sábado e véspera de feriado em que a polícia não seja chamada a intervir. “Em zonas como o Bairro Alto, o Cais do Sodré, Santos e Alcântara e até nas Docas, é comum assistir a situações piores” que a do início da semana, refere a mesma fonte da PSP. Mas estes pontos da cidade não são diferentes de outros, em todo o país, onde as condições sejam semelhantes. “Onde há concentração de bares há concentração de pessoas e, potencialmente, os problemas têm mais tendência a surgir”, refere ao i o porta-voz da PSP, Hugo Palma.
O caso do empresário que tentou manter os jovens afastados do seu restaurante – e que tentou proteger-se a si próprio com um objeto cortante, que usa para atingir vários dos elementos – “ganhou esta dimensão porque ficou registado em vídeo”, referem várias fontes policiais.
Cabeças abertas a precisar de pontos e da entrada em ação do INEM, garrafas transformadas em armas de corte, arrastões e lutas de rua entre dois jovens com álcool a mais ou, noutros casos, entre grupos rivais – é essa a regra da noite de Lisboa.
Nos vídeos que registaram os confrontos desta semana, à porta do restaurante Palácio do Kebab, ouve-se a determinada altura o som de um disparo de arma. É menos comum, mas fonte policial refere que “têm sido detetadas armas em rusgas realizadas nestes locais”. Outras vezes aparecem nos caixotes do lixo, abandonadas. São situações menos comuns, mas que preocupam as autoridades.
Tal como acontece com os locais “mais quentes”, também as causas para estas rixas estão identificadas: “álcool” e “gente jovem com testosterona a mais”, refere fonte policial.
Mas situações como a desta semana não são exclusivas da capital. “Os desentendimentos entre frequentadores da noite são regulares e, ciclicamente, registamos situações até mais graves, situações em que, infelizmente, morrem pessoas na noite”, refere fonte da PSP. “É assim em Lisboa e onde há diversão noturna.”
Os horários dos bares e discotecas têm sido tema de discussão intensa nos últimos anos.Mas a PSP não interfere nesse diálogo, sublinhando apenas que “tem sido feito muito trabalho nestes locais de diversão noturna”, entre fiscalizações e ações de sensibilização.