"Temos de chamar a atenção para a governação demagógica, baseada em propostas sem sustentabilidade, que levam os países à ruína como aconteceu em 2011", sublinhou a ex-ministra da Justiça na sessão solene comemorativa dos 42 anos do 25 de Abril de 1974.
Teixeira da Cruz frisou que "no meio destes riscos externos e internos também é preocupante a arrogância no exercício do poder e os contorcionismos que o Poder e seus aliados fazem para dar um aspeto de normalidade a uma situação que nada tem de normal".
O legado do anterior governo PSD/CDS não ficou, como seria de esperar, por mãos alheias. Teixeira da Cruz lembrou que o executivo de que fez parte “fez a dolorosa travessia do deserto e permitiu as restituições de rendimentos a que foi possível agora proceder, embora a um ritmo incompatível com os fundamentais da nossa economia e das nossas finanças”.
E picou o governo. “Agora, mais uma vez apostou-se na ilusão de ganhos de curto prazo para esconder a sua insustentabilidade a médio e longo prazo”, disse a ex-ministra, para lembrar que se é para haver diálogo entre partidos sobre orientações estratégicas para o país ninguém pode ser excluído.
“Na política há sempre novas oportunidades, e no nosso sistema político será necessário mais tarde ou mais cedo, tendo em conta o ambiente de crise que se vive em Portugal, na Europa e em muitas outras regiões do Mundo, um esforço de todos”, afirmou.
A ex-ministra aproveitou a celebração dos 2 anos do 2 de Abril para sentar o sistema no divã. “Quantas vezes não se invoca a Liberdade, bem como a Democracia, enquanto se praticam atos que beneficiam puros interesses instalados ou a instalar”.
Segundo Paula Teixeira da Cruz, “há falta de transparência na vida pública: a concertação social foi substituída por três partidos que na penumbra decidem”, disse, para acrescentar que também “há falta de transparência no processo política e recusa de fiscalização democrática. Há falta de escrutínio político nesta a Assembleia da República”.
Paula Teixeira da Cruz diz que “há falta de escrutínio político” na AR
Paula Teixeira da Cruz foi a última a discursar no tempo reservado aos partidos com assento parlamentar – em virtude de representar a bancada que mais deputados elegeu – e foi dura na crítica ao governo do PS, à maioria de esquerda e ao trabalho do Parlamento no escrutínio político. A deputada do PSD deixou…