A pressão dos meios de comunicação social sobre Vítor Nóbrega, treinador do atleta português João Carvalho que morreu na passada segunda-feira em Dublin depois do seu primeiro combate internacional de Artes Marciais Mistas (MMA, em inglês), levou a sua equipa, a "Nóbrega Team", a anunciar uma conferência de imprensa em Portugal para prestar todos os esclarecimentos. "A Nóbrega Team vem por este meio informar que será realizada uma conferência de imprensa em Lisboa logo que o treinador Vítor Nóbrega regresse a Portugal, onde serão prestados todos os esclarecimentos relativos ao falecimento do atleta João Carvalho", como divulgado na conta oficial de Instagram.
Vítor Nóbrega está neste momento a acompanhar a família de Carvalho na Irlanda, e a tratar "de todos os procedimentos necessários para a transladação do corpo do atleta para Portugal, tendo por isso dificuldade em prestar dificuldades em prestar esclarecimentos aos jornalistas", lê-se no comunicado.
O braço de ferro entre a MMA e os irlandeses já levou o ministro do Desporto Michael Ring a exigir regulamentação urgente, já que o desporto não é reconhecido pela Sports Ireland, a agência nacional que promove, desenvolve e regula vários desportos no país. Em resposta, o CEO da Sports Ireland John Treacy esclareceu que vai iniciar várias reuniões com as autoridades desportivas para delinearem novas regras. E acrescentou ainda que caso não sejam seguidas, as consequências podem ser graves para a MMA. "Se levarmos para a frente estas regras e novos códigos de conducta, e se não forem seguidos pelos lutadores eu penso que a MMA não tem lugar na Irlanda", como disse à RTÉ Radio 1 ontem.
Exige-se agora mais atenção aos promotores e organizadores dos eventos da modalidade no país. Quem não concorda com esta prespectiva são os donos do Estádio Nacional de Dublin – a Associação Amadora de Boxe Irlandesa -, onde decorreu o combate do Total Extreme Fighting (TEF) entre João Carvalho e Charlie "The Hospital" Ward,que asseguraram que a IABA "estava satisfeita com a TEF quando lhes foi proposta a organização deste evento, e que todos os protocolos de segurança, médicos e de staff foram seguidos", como divulgado num comunicado enviado ao The Independent da Irlanda. Esclarecem no entanto que esses protocolos têm de ser feitos com os promotores e não pelo Estádio.
Segundo este jornal, o comunicado veio depois da especulação gerada à volta da possibilidade da famíla de Carvalho processar o estádio ou os promotores por danos causados pela morte do atleta. Esse é um cenário afastado para já, pelo menos essa é a garantia de Larry Fenelon, advogado de desporto. "Em contratos como os estabelecidos com a MMA, onde a fisicalidade é o essencial, ficaria muito surpreendido se os promotores não tivessem obrigado os participantes a assinar uma renúncia para eventuais danos ou fatalidades", afirmou.
Estão neste momento a decorrer duas investigações em separado para apurar as causas da morte do atleta de 28 anos. Uma por parte da polícia irlandesa, a Gardía, que é sempre lançada em caso de suspeitas de caso de morte súbita. Outra por parte da Autoridade de Saúde e Segurança irlandesa, que avançou com um inquérito preliminar, mesmo que este tipo de situações não esteja no âmbito da sua actividade.
Os resultados da autópsia feita na passada quarta-feira ainda não foram conhecidos.
