“O partido solicita a carta de renúncia de quem está no governo. Já falei com o ministro da Interação Nacional, Gilberto Occhi, e com o presidente da Codevasf que fizeram as cartas de renúncia como gesto de grandeza e lealdade”, avançou na noite de terça-feira o presidente do partido, Ciro Nogueira, acrescentando que não era a decisão que queria tomar. “Eu defendia até hoje a permanência do partido na base de sustentação da presidente, mas não me cabe outra alternativa ao partido, como seu presidente, a não ser acatar a decisão”. Decisão essa que foi aprovada com 31 votos a favor e nove contra.
Com a saída do PP, são já três os partidos que deixaram de apoiar o governo de Dilma Rousseff: o PP juntou-se ao PMDB e ao PRB que deixaram a coligação no passado mês de março.
Mas nem todos estão contra a presidente brasileira. Ontem, o líder da bancada do PDT da Câmara, o deputado federal Weverton Rocha, anunciou o seu apoio a Dilma. “Não é agora, neste momento, que vamos estar a pular do barco como se fossemos ratos”, disse Rocha. Quando perguntado pelos jornalistas se haverá punições para eventuais dissidentes, o deputado foi claro. “Se você faz parte da associação, a instância máxima, que é o diretório nacional, reuniu-se e, se você não acompanha, óbvio que está a ser submetido a qualquer tipo de sanção”, disse.
Com cada vez menos apoios, Dilma aproveitou ontem um discurso para acusar o vice Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acusando-os de serem “chefes da conspiração” e “chefes do golpe”.
Temer não comentou as declarações de Dilma. Quem o fez foi o senedor Romero Jucá. “Lamento que a presidente Dilma esteja a perder a serenidade e esteja a culpar outras pessoas pelo desacerto do seu próprio governo”, disse.
Acusações à parte, o Brasil espera ansiosamente pela votação de domingo. Para chegar ao Senado, o processo de destituição de Dilma terá de ser aprovado por 66% dos 513 deputados. São necessários então 342 votos a favor. Segundo o “Estadão”, são já 312 a favor do impeachment e 125 contra. Dados que, embora não correspondam com os da “Folha de S.Paulo” (284 a favor e 114 contra) demonstram que a são mais os que desejam a queda de Dilma do que os que pretendem a continuidade do governo.