Chefe do exército, general Carlos Jerónimo, pede demissão

Chefe do exército, general Carlos Jerónimo, pede demissão


Na sequência de declarações do diretor do Colégio Militar 


O general Carlos Jerónimo pediu ontem a demissão, um dia após rebentar polémica em torno do Colégio Militar. Depois desse pedido do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) cabe ao Presidente da República a sua eventual aceitação.

Em causa estão as declarações sobre alunos homossexuais que o subdiretor do Colégio Militar terá feito numa reportagem ao site “Observador”. “Nas situações de afetos [homossexualidade], obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com o encarregado de educação para que perceba que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos.”

Estas declarações, atribuídas pelo “Observador” ao subdiretor do Colégio Militar numa reportagem sobre aquele estabelecimento de ensino tutelado pelo Exército, publicada sexta-feira 1 de abril, levaram o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, a exigir um pedido de explicações ao Estado-Maior. O Ministério da Defesa afirmava, em mensagem ao “Diário de Notícias”, considerar “absolutamente inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei”. 

O pedido de demissão do general paraquedista Carlos Jerónimo foi apresentado ontem, levando-o a já não participar na cerimónia de lançamento da biografia do tenente-general Tomé Pinto.

O CEME demissionário é, assim, o terceiro chefe militar – todos do Exército – a pedir a demissão desde o início dos anos 1990, após os generais Loureiro dos Santos (com o então ministro Fernando Nogueira) e Silva Viegas (em protesto contra o ex--ministro Paulo Portas).