1. A “reforma do sistema de ensino é urgente porque ele não está adaptado às necessidades, capacidades e potencialidades do povo português” (Max Cunha). Para chegar a esta conclusão é preciso estudar o sistema português de ensino, estudar as características do povo português, as estruturas do ensino, os objetivos que se propõem, os meios, os custos e, por último, os resultados obtidos.
2. Ou se parte do ponto de chegada, ou seja, o que temos agora depois de tudo o que se fez , ou analisamos tudo desde o início (40 anos) da democracia, verificamos e anotamos os erros e os êxitos, e fazemos o balanço.
Um exercício excelente é, através de inquéritos, pedir a opinião a quem por lá andou e teve êxito, e perguntar-lhes o que acham que faltou, o que foi pior, o que foi melhor, como fariam eles hoje. Outro método interessante seria abrir um concurso com a melhor reforma do sistema de ensino, devidamente justificado e quantificado, a partir dos elementos (dados) atuais, ou seja, fazer mais, melhor e mais barato – seria uma tese.
3. O Ministério da Educação no papel de administrador não executivo ou mesmo CEO não executivo, atento, vigilante e controlador, na defesa dos interesses exclusivos do país e das necessidades educativas do povo português, mas deixando a gestão da educação a uma empresa com profissionais altamente qualificados, sem qualquer cartão ou filiação partidária, contrato-programa para dois anos ou mais, conforme os resultados obtidos, e com um preço em euros, preto no branco. Seria uma espécie de gestão de um condomínio privado que seria avaliada por uma equipa política, “estacionada” e instalada no Ministério da Educação, permanentemente.
Só é possível rir depois de experimentar, mas rir antes só pode significar um espírito fechado, pequeno, com mentalidade conservadora e espírito retrógrado. A esses pedimos-lhes que mostrem a obra feita, a linda obra que alguns fizeram, e quem melhor para a avaliar que os professores, que são os agentes de ensino privilegiados. Então perguntem-lhes e vão ver as respostas, e nessa altura, em vez de rirem, talvez até tenham vontade de chorar, se tiverem sentimentos e vergonha.
4. Aliás, quando hoje em dia assistimos à constituição de um gabinete ministerial com 36 pessoas, o espírito é o mesmo. Só que não é uma empresa contratada para prestar um serviço, são apenas jovens do partido que precisam de emprego e é também uma forma de o partido retribuir os serviços que lhe foram prestados durante anos. Mas aqui não há eficácia, não há controlo e nada muda!
5. É absolutamente incompreensível que se fale abertamente em inovação e, quando há qualquer proposta neste sentido, todas as estruturas (pessoas) tremam porque, se se alterar o “sistema”, lá se vai o tacho… Por isso é preciso que tudo continue na mesma para que nada mude.
Pois é, então digam lá como é que nesta terra se pode ser inovador ou reformador?
“Reforma? Reforme-se você e cale–se!” Foi o que nos disseram os mais avisados que foram passando pela Cinco de Outubro, e acreditem, já foram muitos.
Sociólogo