A luta contra o terrorismo deve ser feita por todos e, como cidadãos, o mínimo que devemos fazer é abdicar da nossa privacidade. Temos de dar meios à nossa polícia para impedir ataques terroristas e isso só é possível se eles puderem ter acesso a tudo o que nós fazemos.
Aqueles que afirmam querer proteger o nosso direito à privacidade são os melhores amigos dos terroristas. Por norma, desconfio sempre de uma pessoa que faz tanta questão de defender a sua privacidade. Um cidadão cumpridor da lei não teme. Uma pessoa de bem não tem medo de abrir as portas da sua casa, as suas comunicações e até o seu corpo às autoridades. Sabe que as autoridades não vão encontrar nada e está de consciência tranquila. Um cidadão honesto deve querer ser vigiado, pelo bem comum de salvar vidas inocentes. Aliás, deve sentir-se honrado por ser vigiado pelo Governo. A vigilância por parte do Governo é a maneira de ele dizer que está sempre connosco para o que nós precisamos e que não vai deixar que nada de mal nos aconteça, o que é ternurento.
Se um cidadão honesto não tem medo da transparência, quem são aqueles que tanto falam sobre proteção de privacidade? Das duas, uma: ou são terroristas ou tarados que tiram fotografias deles próprios a fazerem sexo com animais. Caso contrário, não teriam qualquer razão para temerem a exposição. Quanto mais vigiarmos este tipo de pessoas, mais atentados terroristas evitamos. Além disso, a vigilância vai ter um efeito dissuasor que os animais violentados por estas pessoas agradecem.
Felizmente, as novas tecnologias permitem-nos vigiar cada vez melhor os nossos cidadãos. Tenho defendido que o Governo deveria implantar câmaras GoPro na cabeça de todos os recém-nascidos. Assim, tudo o que as pessoas fizessem era filmado, essa informação era guardada e os metadados eram analisados para se poderem evitar atentados terroristas.
Para além da sua função principal de evitar atentados terroristas, transformar os cidadãos em câmaras de vigilância poderia melhorar a sua qualidade de vida. Toda a gente ia gostar de ter uma câmara na cabeça a guardar constantemente recordações de todos os momentos da sua vida. Já imaginaram a quantidade de coisas que depois podiam partilhar nas redes sociais para impressionar os amigos? É chato ter de estar sempre a tirar fotografias. É muito mais fácil saber que tudo o que vemos está a ser guardado num servidor do Governo.
Mas toda esta informação seria um desperdício se só fosse utilizada para esses fins. Ao fim ao cabo, a informação é valiosa. Por exemplo, essa informação poderia ser utilizada para tornar o mercado livre mais eficiente. Um sonho liberal ao nosso alcance e tão fácil de executar.
Trata-se simplesmente de juntar o útil ao agradável. Implantar câmaras na cabeça das pessoas não é barato e, por isso, teríamos de recorrer a parcerias público-privadas para financiar o plano. Não faltariam empresas dispostas a financiar este projeto por motivos de responsabilidade social (trata-se da segurança das pessoas, afinal), mas também porque poderiam obter alguns pequenos ganhos económicos.
Nomeadamente, poderiam utilizar a informação recolhida para fazer marketing dirigido ao consumidor. Ganhávamos todos! Evitavam-se atentados terroristas, as empresas reuniam uma base de dados preciosa sobre os hábitos dos seus clientes e as pessoas teriam acesso rápido e eficiente a informação sobre produtos que elas nem sabem que querem comprar.
A recolha de imagens através da câmara seria também uma oportunidade para as pessoas cultivarem o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Bastaria darem autorização às suas chefias no momento da assinatura do contrato para estes poderem aceder livremente às gravações. Assim, as chefias podiam ajudar as pessoas, dando-lhes conselhos em prol da melhoria da sua performance profissional. Quem é que desperdiça esta oportunidade de se tornar um melhor colaborador e ser humano?
O terrorismo é uma tragédia. Mas, como dizem os chineses, em cada tragédia há uma oportunidade.
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