A questão não vai ter respostas simples, embora o debate convide a isso. Por cada novo ataque em território europeu nasce um novo mini-Trump entre os cidadãos da Europa. A extrema-direita ganha adeptos. Marine Le Pen acabará por ser, eventualmente, a líder de uma nova França ocupada, agora pela extrema-direita. A islamofobia avançará.
Como chegámos aqui? Podemos chamar os nomes todos aos assassinos de Bruxelas, como aos de Paris, de Londres, de Madrid. São assassinos cruéis que travam uma guerra em nome de um objetivo demente que não compreendemos. Infelizmente, para travar uma guerra é preciso compreender o inimigo, o que o move, como chegou ali. É o mínimo que se espera de uma tática de guerra – ou de combate. Andar aos gritos com o slogan “não temos medo” é ridículo. Temos medo, claro. Eu tenho medo. Há um mês, o meu filho estava naquele aeroporto. Há quatro meses andei a passear em Bruxelas em alerta terrorista máximo. Tive medo, sim. Dizer que não se tem medo é uma treta para a fotografia.
Há umas semanas, em entrevista ao i, Viriato Soromenho Marques lembrava que o Daesh nasceu de uma resposta errada ao 11 de setembro e que o Ocidente era culpado da ascensão do Estado Islâmico: “Tudo isto é uma história trágica que começa com uma resposta errada ao 11 de setembro. Uma resposta que provocou o agravar da situação (…) O ataque ao Iraque é completamente senil! Nem sei como em Portugal tanta gente o apoiou.” Esta foi a herança senil que Bush nos deixou. Começar por admitir isto é um princípio.