Vão abrir esta sexta-feira 52 bancos CTT em 18 distritos, nove dos quais em Lisboa e Porto, depois de dois anos de impasse. Até aqui existia apenas uma agência a funcionar para os trabalhadores no Edifício Adamastor, no Parque das Nações, em Lisboa, mesmo ao lado da sede da empresa. Mas os Correios tinham a ambição de abrir meia centena de agências ao grande público até ao final deste mês de março, projeto que vê agora a luz do dia.
O investimento ronda os 23,5 milhões de euros. Ainda assim, trata-se de um valor abaixo do que estava inicialmente previsto e que rondava os 30 milhões de euros. Neste momento vão estar cerca de 500 trabalhadores alocados a este projeto, mas o objetivo é atingir os 2500, à medida que a rede vá alargando.
A ideia é expandir a 200 lojas de norte a sul até ao final do ano – 79 terão um espaço dedicado –, passando a 400 em 2017, e a meta é chegar a mais de 600 lojas nos próximos três anos. “O Banco CTT é a evolução natural do negócio de serviços financeiros já prestados pelos Correios, assente numa proposta de simplicidade, transparência e proximidade. E é por isso que o Banco CTT inicia a sua operação em todo o país e prevê vir a ter em breve uma das mais densas redes bancárias do país, com propostas de baixo custo, indo ao encontro da vontade dos portugueses”, esclarece a empresa.
A ideia é simples: oferecer contas à ordem com “zero euros de comissão de manutenção, zero euros na anuidade de um cartão de débito e zero euros nas transferências nos canais digitais”. No entanto, esta conta para o dia-a-dia poderá também ser associada a uma conta-ordenado ou a pensões, com a possibilidade de aceder a um descoberto autorizado.
Ao mesmo tempo vai estar disponível a oferta de depósitos a prazo, que assentará numa taxa de juro de 0,5%, em que o cliente pode escolher o prazo que deseja: de um mês até um ano. “Trata-se da média praticada pelos vários bancos no mercado nacional”, garante ao i fonte ligada ao processo.
O Banco CTT vai também contar com uma oferta direcionada para os mais jovens, através de uma conta júnior que poderá ser aberta com 25 euros e sem custos de manutenção.
Créditos no segundo semestre A verdade é que os Correios não querem ficar limitados a este tipo de oferta e, para o segundo semestre, está previsto o lançamento de produtos de crédito através da oferta de cartões de crédito e de soluções de crédito à habitação.
O Banco CTT prevê, em dez anos, captar entre 7,5% e 10% dos 12 milhões de contas à ordem existentes em Portugal; de 3% a 4% dos 133 mil milhões de depósitos; 2% a 3% dos 107 mil milhões de hipotecas; e de 0,5% a 1% do crédito ao consumo, que deverá rondar em Portugal os 24 mil milhões de euros. Começam pelos 3,7 milhões de clientes que atualmente usam os serviços dos CTT, financeiros e não só. A empresa lembra ainda que o objetivo do banco “é devolver às pessoas um relacionamento com o seu banco assente naquilo que é realmente necessário. O Banco CTT está onde estão as pessoas e tem uma presença digital muito forte, com tecnologias de homebanking e aplicações móveis de última geração”, salienta Luís Pereira Coutinho, CEO do Banco CTT.
Já Francisco de Lacerda, presidente e CEO dos CTT, acrescenta que o novo projeto “reforça um dos motores de desenvolvimento dos CTT, o dos serviços financeiros”, “apresenta ao mercado uma proposta atrativa e em linha com a identidade da empresa e consubstancia uma lógica de geração de valor acionista e diversificação do negócio”.
Estas ofertas somam-se à parceria que os CTT já têm para o crédito ao consumo com a Cetelem.
O presidente da instituição financeira revela ainda que, nas primeiras fases, o banco só vai trabalhar com particulares e algumas pequenas empresas.
Funcionamento Os balcões vão funcionar em três tipologias: as maiores terão um espaço dedicado ao banco, as lojas intermediárias contarão com um conjunto de balcões dedicados ao Banco CTT, e, nas mais pequenas, os balcões serão multifuncionais. Como os balcões do banco vão funcionar nas atuais agências dos Correios, a empresa garante que o investimento é mais reduzido do que se tivessem de ser abertas agências em locais distintos. Mesmo assim, está previsto um investimento de cinco milhões num prazo de cinco anos.
Para evitar “confusões”, o banco vai trazer um novo rosto às lojas dos Correios onde vai estar presente, além de toda a sinalética e do mobiliário. Também os colaboradores CTT vão “apresentar-se com um novo vestuário, mais sóbrio e moderno, e que será gradualmente estendido a toda a rede de lojas à medida que se concretize o plano de expansão de agências do Banco CTT”.
O projeto vai ainda contar com uma forte presença nos canais digitais, através do serviço de homebanking em bancoctt.pt e da App Banco CTT, disponível em IOS e Android. Adicionalmente, será disponibilizada uma linha telefónica de apoio.