Quando o Dr. Marcelo ganhou as presidenciais, confesso que fiquei um bocado apreensivo. Apesar de gostar dele, o seu lado de cata-vento imprevisível deixou-me de pé atrás. No entanto, todas as minhas dúvidas se dissiparam depois de um sonho que tive esta semana. Os meus sonhos são sempre premonitórios e este deitou por terra quaisquer dúvidas que pudessem existir sobre o bem que ele vai fazer ao país. É um pouco pessoal, mas não posso deixar de partilhar o meu sonho convosco para vos tranquilizar em relação ao nosso novo Presidente.

Eu estava numas catacumbas e encontrei um abutre quase a morrer. Era o Dr. Cavaco porque tinha a cabeça do Dr. Cavaco. Assim que ele morreu, o cadáver começa a tremer, a cloaca do Dr. Cavaco abre e sai de lá um ovo que cai no chão e faz “ploc”. O ovo explode e, de dentro dele, aparece uma fénix luminosa. Pela cara percebi que era o Dr. Marcelo. A fénix começa a ganhar forma humana e, em pouco tempo, tinha o Dr. Marcelo todo nu à minha frente. Nisto, ele grita as suas primeiras palavras: “EU AMO PORTUGAL!” E aparece Portugal. Portugal era uma senhora com um corpo belíssimo. E eu sei que era Portugal porque a sua cabeça era o mapa de Portugal, mas o corpo era de top model. Não estranhei porque nos sonhos não questionamos estas coisas.

O Dr. Marcelo começa a fazer amor com Portugal. Mais concretamente, começam a proporcionar prazer oral um ao outro, o chamado 69. A língua do Dr. Marcelo estimula vigorosamente o clítoris de Portugal e eu pensei: “É preciso amar muito alguém para lhe fazer um cunnilingus com tanta paixão.” Mas era recíproco, porque, do outro lado, Portugal fazia um felácio majestoso ao Dr. Marcelo. Relembro que a cabeça da Sra. Portugal era o mapa de Portugal, logo, a sua boca era o estuário do Tejo. Ou seja, o Dr. Marcelo estava com o seu pénis introduzido no estuário do Tejo.

Nisto, o abutre Dr. Cavaco ressuscita e diz-me: “Doutor, venha comigo.” Eu coloco-me em cima dele e ficamos de um tamanho microscópico. Começamos a voar em direção ao estuário do Tejo, onde a ação se estava a passar, e, quando lá chegamos, deparamo-nos com um cenário maravilhoso. O pénis gigante do Dr. Marcelo entrava e saía do Tejo, provocando uma espécie de terramoto de 1755, mas em bom. A terra mexia-se, mas era uma autêntica festa.

Começámos a sobrevoar o Terreiro do Paço, as pessoas estavam todas na rua a cantar e a dançar ao som da versão kizomba do hino de Portugal, cantada pelo Dr. Anselmo Ralph. Era o dia mais feliz da vida delas. Muitas crianças entraram para o rio e subiram para o pénis gigante do Dr. Marcelo, que entrava e saía do estuário do Tejo, e brincavam lá em cima, saltavam como se se tratasse de um insuflável e davam-lhe beijinhos.

Até que o Dr. Marcelo ejacula e o seu sémen invade Lisboa inteira, numa espécie de festa da espuma gigantesca. Pessoas de todas as etnias e de todas as idades banhavam-se alegremente no sémen do Dr. Marcelo e, quando se abraçavam, ficavam coladas umas às outras. O sémen do Dr. Marcelo tinha finalmente unido os portugueses, como um magnífico e reluzente cimento mágico. 

O país estava feliz! Foi maravilhoso!

O abutre Dr. Cavaco diz-me: “Doutor, é hora de regressarmos.” Saímos daquele microverso e voltámos às catacumbas. O

Dr. Marcelo estava deitado no chão abraçado a Portugal e perguntou-lhe:
– Então, filha? Gostastes?

Portugal respondeu-lhe:

– Sim, amor. Juntos vamos fazer coisas maravilhosas.

De repente, a barriga da Sra. Portugal começa a aumentar e o Dr. Marcelo diz:

– Não me digas que estás prenha! Como? Só fizemos um 69!

– Os meus ovários estão no Minho, a tua terra. Carrego dentro de mim o teu filho, o Jovem Conservador de Direita que virá salvar o nosso país.

– O meu filho será como eu, mas ainda melhor.     

– Será um filho dedicado à sua mãe.

Acordei com um sorriso nos lábios e com a certeza de que o Dr. Marcelo vai ser um grande Presidente. Podem ficar descansados. Boa tomada de posse, Dr. Marcelo! E um obrigado antecipado por tudo o que vai fazer por nós!

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