Percebemos bem a “normalidade” a que se refere. Vivemo-la intensamente entre 2005 e 2011 e pagámo-la muito caro. A “normalidade” socialista está espelhada nas nomeações dos acólitos do costume para os diversos organismos públicos. Nas pressões públicas sobre as entidades independentes, nas narrativas de que tudo está bem. De que há “novo rumo” e “virar de página”, quando a realidade o que nos mostra são mais impostos, mais incerteza e imprevisibilidade em relação ao futuro, mais desconfiança e mais risco.
Aquilo que Costa considera normal não o é para cada vez mais portugueses e para os nossos parceiros internacionais, a quem devemos um sentido de cooperação no cumprimento dos objetivos que sucessivamente temos vindo a assumir.
Agora, a festa durará mais uns dias. O Orçamento, que já é mau só por si, será inevitavelmente pior depois da necessária incorporação das propostas da esquerda parlamentar.
O pior será a ressaca. As medidas extraordinárias exigidas pelo Eurogrupo em abril, a execução orçamental e, como tudo leva a crer, as dificuldades de financiamento com que voltaremos a confrontar--nos. Uma ressaca muito parecida com 2011. Nessa altura, a “saudade” e a “normalidade” de que Costa fala não terão o mesmo significado.
Escreve à segunda-feira