A ressaca


Em jeito de balanço dos primeiros 100 dias da sua governação, António Costa fala em “saudade” e “normalidade” como sentimentos primaciais dos portugueses. Diz, com algum descaramento, que as pessoas que vivem do seu trabalho não vão ter novos impostos, nem cortes salariais, nem aumentos no IRS. Insistindo numa fábula que até um dos seus…


Percebemos bem a “normalidade” a que se refere. Vivemo-la intensamente entre 2005 e 2011 e pagámo-la muito caro. A “normalidade” socialista está espelhada nas nomeações dos acólitos do costume para os diversos organismos públicos. Nas pressões públicas sobre as entidades independentes, nas narrativas de que tudo está bem. De que há “novo rumo” e “virar de página”, quando a realidade o que nos mostra são mais impostos, mais incerteza e imprevisibilidade em relação ao futuro, mais desconfiança e mais risco. 

Aquilo que Costa considera normal não o é para cada vez mais portugueses e para os nossos parceiros internacionais, a quem devemos um sentido de cooperação no cumprimento dos objetivos que sucessivamente temos vindo a assumir. 
Agora, a festa durará mais uns dias. O Orçamento, que já é mau só por si, será inevitavelmente pior depois da necessária incorporação das propostas da esquerda parlamentar.

O pior será a ressaca. As medidas extraordinárias exigidas pelo Eurogrupo em abril, a execução orçamental e, como tudo leva a crer, as dificuldades de financiamento com que voltaremos a confrontar--nos. Uma ressaca muito parecida com 2011. Nessa altura, a “saudade” e a “normalidade” de que Costa fala não terão o mesmo significado. 

Escreve à segunda-feira 


A ressaca


Em jeito de balanço dos primeiros 100 dias da sua governação, António Costa fala em “saudade” e “normalidade” como sentimentos primaciais dos portugueses. Diz, com algum descaramento, que as pessoas que vivem do seu trabalho não vão ter novos impostos, nem cortes salariais, nem aumentos no IRS. Insistindo numa fábula que até um dos seus…


Percebemos bem a “normalidade” a que se refere. Vivemo-la intensamente entre 2005 e 2011 e pagámo-la muito caro. A “normalidade” socialista está espelhada nas nomeações dos acólitos do costume para os diversos organismos públicos. Nas pressões públicas sobre as entidades independentes, nas narrativas de que tudo está bem. De que há “novo rumo” e “virar de página”, quando a realidade o que nos mostra são mais impostos, mais incerteza e imprevisibilidade em relação ao futuro, mais desconfiança e mais risco. 

Aquilo que Costa considera normal não o é para cada vez mais portugueses e para os nossos parceiros internacionais, a quem devemos um sentido de cooperação no cumprimento dos objetivos que sucessivamente temos vindo a assumir. 
Agora, a festa durará mais uns dias. O Orçamento, que já é mau só por si, será inevitavelmente pior depois da necessária incorporação das propostas da esquerda parlamentar.

O pior será a ressaca. As medidas extraordinárias exigidas pelo Eurogrupo em abril, a execução orçamental e, como tudo leva a crer, as dificuldades de financiamento com que voltaremos a confrontar--nos. Uma ressaca muito parecida com 2011. Nessa altura, a “saudade” e a “normalidade” de que Costa fala não terão o mesmo significado. 

Escreve à segunda-feira