A última semana foi pródiga em manifestações nesse sentido. Sobretudo dos próprios partidos apoiantes desta solução canhestra de governação que levou o Bloco a ameaçar a rutura em 2017 e o PCP, que nestas coisas agora não pode ficar para trás, a ponderar o mesmo para 2016 se certos ditames da frente de esquerda não ficarem vertidos desde já no Orçamento para o próximo ano. Já esta semana, Rocha Andrade, secretário de estado das Finanças de Costa, previu que “não vai ser fácil” a subsistência do governo, ou melhor, a conjugação satisfatória dos compromissos europeus com os “compromissos” da esquerda.
O que é facto é que este Orçamento é uma desilusão para todos aqueles que aspiravam, com alguma candura, a uma inversão de política real, em grande parte afagados pelos auspícios de uma narrativa de que Passos Coelho foi além da troika e de que Portugal não precisava de tanta austeridade. Como é óbvio, a realidade acabou por desiludir as melhores expectativas e, na verdade, o percurso que fizemos revelou-se não apenas necessário como essencial na transformação de que Portugal, com todas as vicissitudes, tanto precisava.
A austeridade, que agora é substituída por “restrição”, está espalhada por todo o documento orçamental. É uma “restrição” redistribuída de um Orçamento que propõe dar com uma mão o que tira com a outra. Uma ilusão que acentuará a inevitabilidade do fim desta solução.
Escreve à segunda-feira