As boas relações entre Pedro Santana Lopes e António Costa podem ser um dos trunfos da candidatura do social-democrata à Câmara de Lisboa. Foi esse “bom relacionamento” – nas palavras do próprio Costa – que fez com que Santana se mantivesse no cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia, mesmo com a mudança de governo, um lugar que pode ajudá-lo a voltar ao leme da autarquia.
Costa elogia Santana “Ele mantém a disponibilidade para continuar o trabalho, o ministro da área reafirmou a sua confiança em mantê-lo, por isso, não há nenhuma razão para mudar”, justificava esta semana o primeiro-ministro em entrevista ao “Expresso”. Costa recordou até os seus tempos de autarca da capital para “enfatizar que nunca o município de Lisboa teve tão bom relacionamento com a Misericórdia”.
Ora, o palco da Santa Casa, que vai permitir, por exemplo, inaugurar um centro de cuidados paliativos no Hospital da Estrela, associado à obra feita em Lisboa, é precisamente o ponto mais forte de uma eventual candidatura de Santana.
A ajuda que um cargo tão influente como o que Santana desempenha na Santa Casa possa dar para conquistar a maior câmara do país é que António Costa prefere não comentar. “Ninguém o pode condicionar no exercício dos seus direitos de cidadania”, comentou o primeiro-ministro ao “Expresso”.
Mas as declarações de simpatia são recíprocas. Pedro Santana Lopes também tem sido muito mais simpático com o líder do executivo socialista do que a maior parte dos seus correligionários sociais-democratas. “É o único social-democrata que diz bem do governo”, ironiza uma fonte próxima do provedor da Santa Casa da Misericórdia, esquecendo os elogios que Manuela Ferreira Leite tem também feito a Costa.
Santana elogia Costa A análise ao acordo conseguido por António Costa com a Comissão Europeia sobre o Orçamento do Estado para 2016 foi uma ocasião para Santana elogiar o secretário-geral do PS.
Para Santana Lopes, o acordo foi “mais uma vez” a prova de que António Costa conseguiu “um equilíbrio em cima de um trapézio muito estreitinho”, uma vez que “de um lado tinha Bruxelas” e, do outro, “as exigências da coligação”.
“Acho que o país todo respirou de alívio. Ninguém queria uma crise, nem a oposição nem o Presidente da República. Para Portugal, apesar de tudo, foi bom”, apontou o comentador na SIC Notícias, dizendo ter “a sensação de que há muitas pessoas em Portugal que preferem um aumento da tributação por impostos indiretos a um aumento da carga dos impostos diretos.”