Faz falta empreender, malta!


A Web Summit é o paradigma de um novo tipo de sucesso empresarial em que souberam envolver-se públicos e privados. Venham mais casos!


Está dito e repetido que não há desenvolvimento e mais bem-estar sem crescimento económico. Está igualmente comprovado que o emprego tradicional tem vindo a diminuir sistematicamente, havendo apenas subidas sazonais seguidas de regressão. É preciso agora ter consciência de que o desenvolvimento já praticamente não passa pelas empresas clássicas, sejam estatais ou privadas.

Passa por aquilo a que hoje chamamos empreendedorismo, ou seja, a criação de negócios a partir de ideias originais, com tipologias de funcionamento e de organização não convencionais, muitas vezes apoiados por empresas de capital de risco que se tornam parceiras e ajudam no crescimento, nas solução de gestão e nas redes de contacto, potenciando o crescimento.

Estes parceiros ultrapassam em eficácia a banca tradicional e o acompanhamento que esta confere, desde logo porque têm uma visão operacional e clara dos mercados, estando disponíveis para se associar ao risco. Já a banca de hoje prefere as grandes operações financeiras, a especulação, a compra de ações, de participações em fundos e de um conjunto de sinistras operações especulativas sobre futuros, com os resultados catastróficos que conhecemos.

Em Portugal existem já bons exemplos de empresas que em poucos anos ganharam mercado, exportam produtos, ideias, serviços, trazem congressos, eventos de renome, incentivos, competições mundiais de surf, de running, gerando fluxos turísticos aos quais dão depois apoio local. Tudo muitas vezes baseado num conjunto de ligações a congéneres estrangeiras com as quais trabalham em rede.

Há ainda casos de empresas de média dimensão ou de nicho que dão cartas em áreas como a indústria de precisão, informática, tecnologia, calçado, moda, têxteis, hotelaria, restauração e vinhos (para citar só algumas). Foi todo um universo que antes era incipiente e progrediu, inovando, mudando procedimentos, procurando mercados.

A Web Summit que entre nós vai decorrendo é o exemplo de um enorme sucesso. A escolha de Lisboa para plataforma de encontro de empreendedores e investidores de todo o mundo traduz o reconhecimento de que há em Portugal uma nova movida social, cultural e de negócios, por um lado. E, por outro, que houve um trabalho importantíssimo de lóbi para conseguir trazer para cá esta iniciativa moderna. De forma inédita e eficaz mobilizaram-se vontades públicas e privadas numa área nova e difícil. Com um investimento de apenas 1,3 milhões de euros e em parceria entre governo, AICEP, Turismo de Lisboa e Turismo de Portugal, e em articulação com, nomeadamente, a Startup Lisboa de João Vasconcelos, foi possível trazer um evento que terá um impacto transversal de 100 milhões na economia nacional. A Web Summit junta startups e investidores, gera negócios, abre horizontes e contactos, mas também vende Portugal, a gastronomia, o clima, a cultura, suscitando divulgação espontânea nos media e fazendo com que muitos participantes regressem até para fixar negócios.

Enquanto isto acontece, verifica-se que certo empresariado que não inovou vai gerando desemprego, falências e dívidas incobráveis.

Constata-se ainda que quem se limitou a internacionalizar-se junto dos países lusófonos e em setores tradicionais, como a construção civil e quejandos, foi vítima da crise petrolífera e da desorganização local, desperdiçando a hipótese de ter criado polos de desenvolvimento e de riqueza (agricultura) que sobreviveriam sempre.

Pela inversa, há que louvar grupos sólidos e tradicionais que se internacionalizaram com grande sucesso depois de terem atingido enorme dimensão interna.
O exemplo óbvio é a Jerónimo Martins, com o seu investimento na Polónia e na Colômbia, gerando lucros que permitem criar ou comprar sem destruir instituições de serviço público. É o caso da Fundação Francisco Manuel dos Santos e a sua Pordata e o Oceanário, enquanto base de um projeto do mapeamento do mar português, contratando investigadores, gerando novas competências em Portugal e provando que a passagem do público para o privado pode ser progresso.

Em todos este projetos participou ativamente uma nova geração de portugueses bem preparados que tanto vivem cá como fora, mas que pensam, medem e arriscam com determinação, recomeçando e corrigindo o tiro quando necessário.

São os herdeiros de um país que há 500 anos se lançou na conquista do planeta e descobriu novos negócios em mercados longínquos de forma sistemática, criando um desígnio coletivo. Foi assim ontem e tem de ser agora.

Deve fazer-se do novo empreendedorismo a cultura económica do país, cabendo às entidades públicas o papel de regulador e de efetivo facilitador, aliviando burocracias e todo o tipo de entraves, passando a ser parte ativa deste movimento criativo.

Haja, porém, a consciência de que nem tudo é empreendedorismo saudável. Uma coisa são empresas feitas para criar riqueza, vender qualidade e marca. Outra são negócios oportunistas que causam um tremendo dano coletivo. Foi o caso recente das centenas de lojas de ouro que vampirizaram os mais frágeis da sociedade portuguesa. Do que se fala aqui é de outra coisa de que todos, novos e velhos, nos deveremos orgulhar se o movimento não se quebrar.

Jornalista


Faz falta empreender, malta!


A Web Summit é o paradigma de um novo tipo de sucesso empresarial em que souberam envolver-se públicos e privados. Venham mais casos!


Está dito e repetido que não há desenvolvimento e mais bem-estar sem crescimento económico. Está igualmente comprovado que o emprego tradicional tem vindo a diminuir sistematicamente, havendo apenas subidas sazonais seguidas de regressão. É preciso agora ter consciência de que o desenvolvimento já praticamente não passa pelas empresas clássicas, sejam estatais ou privadas.

Passa por aquilo a que hoje chamamos empreendedorismo, ou seja, a criação de negócios a partir de ideias originais, com tipologias de funcionamento e de organização não convencionais, muitas vezes apoiados por empresas de capital de risco que se tornam parceiras e ajudam no crescimento, nas solução de gestão e nas redes de contacto, potenciando o crescimento.

Estes parceiros ultrapassam em eficácia a banca tradicional e o acompanhamento que esta confere, desde logo porque têm uma visão operacional e clara dos mercados, estando disponíveis para se associar ao risco. Já a banca de hoje prefere as grandes operações financeiras, a especulação, a compra de ações, de participações em fundos e de um conjunto de sinistras operações especulativas sobre futuros, com os resultados catastróficos que conhecemos.

Em Portugal existem já bons exemplos de empresas que em poucos anos ganharam mercado, exportam produtos, ideias, serviços, trazem congressos, eventos de renome, incentivos, competições mundiais de surf, de running, gerando fluxos turísticos aos quais dão depois apoio local. Tudo muitas vezes baseado num conjunto de ligações a congéneres estrangeiras com as quais trabalham em rede.

Há ainda casos de empresas de média dimensão ou de nicho que dão cartas em áreas como a indústria de precisão, informática, tecnologia, calçado, moda, têxteis, hotelaria, restauração e vinhos (para citar só algumas). Foi todo um universo que antes era incipiente e progrediu, inovando, mudando procedimentos, procurando mercados.

A Web Summit que entre nós vai decorrendo é o exemplo de um enorme sucesso. A escolha de Lisboa para plataforma de encontro de empreendedores e investidores de todo o mundo traduz o reconhecimento de que há em Portugal uma nova movida social, cultural e de negócios, por um lado. E, por outro, que houve um trabalho importantíssimo de lóbi para conseguir trazer para cá esta iniciativa moderna. De forma inédita e eficaz mobilizaram-se vontades públicas e privadas numa área nova e difícil. Com um investimento de apenas 1,3 milhões de euros e em parceria entre governo, AICEP, Turismo de Lisboa e Turismo de Portugal, e em articulação com, nomeadamente, a Startup Lisboa de João Vasconcelos, foi possível trazer um evento que terá um impacto transversal de 100 milhões na economia nacional. A Web Summit junta startups e investidores, gera negócios, abre horizontes e contactos, mas também vende Portugal, a gastronomia, o clima, a cultura, suscitando divulgação espontânea nos media e fazendo com que muitos participantes regressem até para fixar negócios.

Enquanto isto acontece, verifica-se que certo empresariado que não inovou vai gerando desemprego, falências e dívidas incobráveis.

Constata-se ainda que quem se limitou a internacionalizar-se junto dos países lusófonos e em setores tradicionais, como a construção civil e quejandos, foi vítima da crise petrolífera e da desorganização local, desperdiçando a hipótese de ter criado polos de desenvolvimento e de riqueza (agricultura) que sobreviveriam sempre.

Pela inversa, há que louvar grupos sólidos e tradicionais que se internacionalizaram com grande sucesso depois de terem atingido enorme dimensão interna.
O exemplo óbvio é a Jerónimo Martins, com o seu investimento na Polónia e na Colômbia, gerando lucros que permitem criar ou comprar sem destruir instituições de serviço público. É o caso da Fundação Francisco Manuel dos Santos e a sua Pordata e o Oceanário, enquanto base de um projeto do mapeamento do mar português, contratando investigadores, gerando novas competências em Portugal e provando que a passagem do público para o privado pode ser progresso.

Em todos este projetos participou ativamente uma nova geração de portugueses bem preparados que tanto vivem cá como fora, mas que pensam, medem e arriscam com determinação, recomeçando e corrigindo o tiro quando necessário.

São os herdeiros de um país que há 500 anos se lançou na conquista do planeta e descobriu novos negócios em mercados longínquos de forma sistemática, criando um desígnio coletivo. Foi assim ontem e tem de ser agora.

Deve fazer-se do novo empreendedorismo a cultura económica do país, cabendo às entidades públicas o papel de regulador e de efetivo facilitador, aliviando burocracias e todo o tipo de entraves, passando a ser parte ativa deste movimento criativo.

Haja, porém, a consciência de que nem tudo é empreendedorismo saudável. Uma coisa são empresas feitas para criar riqueza, vender qualidade e marca. Outra são negócios oportunistas que causam um tremendo dano coletivo. Foi o caso recente das centenas de lojas de ouro que vampirizaram os mais frágeis da sociedade portuguesa. Do que se fala aqui é de outra coisa de que todos, novos e velhos, nos deveremos orgulhar se o movimento não se quebrar.

Jornalista