Portugal de regresso à normalidade


Marcelo Rebelo de Sousa mostrou, ao contrário do que alguns querem fazer crer, que não há um país de esquerda e outro de direita. Há um só país. Portugal e os portugueses convergiram para Marcelo


Marcelo Rebelo de Sousa varreu o mapa político de norte a sul do país. Nenhum distrito lhe escapou. Colheu votos à esquerda e à direita, os de cima e os de baixo. Mostrou, ao contrário do que alguns querem fazer crer, que não há um país de esquerda e outro de direita. Há um só país. Portugal e os portugueses convergiram para Marcelo.

Como muitos analistas notaram, a campanha foi fraquinha. Quanto a mim, valeu bem pelo último dia. Pelo resultado de Marcelo (claro!), mas também pela manifestação de nobreza de princípios dada por todos os candidatos do arco democrático. Henrique Neto, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa e Marcelo mostraram que a dignidade e os princípios continuam a ter um lugar na política.  

Marcelo Rebelo de Sousa colocou o peso de todas as suas convicções naquele primeiro discurso como presidente eleito. Convenhamos que “unir o que as conjunturas dividiram” não é tarefa pequena. Marcelo propõe-se ‘só’ a ser bem-sucedido onde tantos falharam. O Professor não vai multiplicar os pães e os peixes. Não há ‘Messias’ na política. Mas a sua vitória absoluta nas presidenciais, resolvendo o que havia para resolver sem lugar aos antagonismos de uma segunda volta, anuncia um período de tréguas na vida política nacional. A normalização está de regresso.
Há muito tempo que venho registando neste espaço que o atraso do estrutural do país se deve à total incapacidade dos partidos falarem uns com os outros. A classe política, ou parte dela, não entende que a Democracia não tem de assentar no confronto permanente de atores políticos ou das instituições, e muito menos em radicalismos e populismos que só agravam as condições dos desfavorecidos e dos que “vivem nas periferias da sociedade”, na expressão do Papa Francisco usada por Marcelo. A liberdade e a prosperidade, já para não falar na validade dos projetos ideológicos, não ficam diminuídas por uma cultura de compromisso e boa vontade nos assuntos públicos. Infelizmente, o que os últimos anos nos têm oferecido é uma autossatisfação dos partidos no exercício da pequena diferença. As pessoas não esperam que os partidos se ponham de acordo em tudo, até porque isso não é próprio da democracia. Mas esperam que em muitas coisas, pelo menos em coisas importantes, haja predisposição para o compromisso. A avaliar pela crispação da classe política, até parece que Portugal chegou a um ponto em que ninguém concorda com ninguém. Esta radicalização estéril é uma cópia muito mal tirada da realidade. Marcelo percebeu bem isso: independentemente das escolhas eleitorais que tenham feito, concordando ou não com as opções políticas de quem nos governa, a vida continua. E o que o cidadão comum quer mesmo é que país vá para a frente. Esse cidadão comum acredita que Marcelo será o referencial de confiança e estabilidade para tempos que aí vêm. Sobre eles, a única certeza que temos é que serão tempos de incerteza. Percebendo a importância de um país unido, liberto da pressão de ter de pisar o ringue para a luta corpo a corpo, Sampaio da Nóvoa voltou a vestir o seu melhor fato – o de homem das ideias – e, num magnífico discurso, pediu “união contra as fraturas e clivagens”.

A infindável crise do euro, a política monetária do BCE, o referendo que dirá se os britânicos ficam ‘dentro’ ou ‘fora’ da União, as dúvidas sobre a integridade territorial de Espanha, os nacionalismos disseminados pelo continente, as ondas de refugiados, os garrotes dos mercados, o choque petrolífero, o arrefecimento da China, o desabamento das maiores economias do mundo lusófono… Com o mundo em ebulição e com muitos problemas dentro de portas para resolver, aos quais se somam novas preocupações decorrentes de opções governativas de desfazer muito do que tinha sido conseguido, dispensam-se as crisezinhas. Marcelo não as quer. O PSD de Pedro Passos Coelho também não.

A indignação e a preocupação do líder do PSD não serão combustíveis para a fogueira do radicalismo e da baixa política. Passos Coelho é um patriota e tem mostrado ser um verdadeiro estadista na ação política, tanto no governo como agora na oposição. Tal como Marcelo Rebelo de Sousa. Um e outro estão à altura do património de Francisco Sá Carneiro: primeiro o País, depois o partido. Os discursos valem pelo que se diz e pelo que não se diz.  Os princípios sá carneiristas cruzaram toda a ação de Pedro Passos Coelho e toda a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.   

 

 


Portugal de regresso à normalidade


Marcelo Rebelo de Sousa mostrou, ao contrário do que alguns querem fazer crer, que não há um país de esquerda e outro de direita. Há um só país. Portugal e os portugueses convergiram para Marcelo


Marcelo Rebelo de Sousa varreu o mapa político de norte a sul do país. Nenhum distrito lhe escapou. Colheu votos à esquerda e à direita, os de cima e os de baixo. Mostrou, ao contrário do que alguns querem fazer crer, que não há um país de esquerda e outro de direita. Há um só país. Portugal e os portugueses convergiram para Marcelo.

Como muitos analistas notaram, a campanha foi fraquinha. Quanto a mim, valeu bem pelo último dia. Pelo resultado de Marcelo (claro!), mas também pela manifestação de nobreza de princípios dada por todos os candidatos do arco democrático. Henrique Neto, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa e Marcelo mostraram que a dignidade e os princípios continuam a ter um lugar na política.  

Marcelo Rebelo de Sousa colocou o peso de todas as suas convicções naquele primeiro discurso como presidente eleito. Convenhamos que “unir o que as conjunturas dividiram” não é tarefa pequena. Marcelo propõe-se ‘só’ a ser bem-sucedido onde tantos falharam. O Professor não vai multiplicar os pães e os peixes. Não há ‘Messias’ na política. Mas a sua vitória absoluta nas presidenciais, resolvendo o que havia para resolver sem lugar aos antagonismos de uma segunda volta, anuncia um período de tréguas na vida política nacional. A normalização está de regresso.
Há muito tempo que venho registando neste espaço que o atraso do estrutural do país se deve à total incapacidade dos partidos falarem uns com os outros. A classe política, ou parte dela, não entende que a Democracia não tem de assentar no confronto permanente de atores políticos ou das instituições, e muito menos em radicalismos e populismos que só agravam as condições dos desfavorecidos e dos que “vivem nas periferias da sociedade”, na expressão do Papa Francisco usada por Marcelo. A liberdade e a prosperidade, já para não falar na validade dos projetos ideológicos, não ficam diminuídas por uma cultura de compromisso e boa vontade nos assuntos públicos. Infelizmente, o que os últimos anos nos têm oferecido é uma autossatisfação dos partidos no exercício da pequena diferença. As pessoas não esperam que os partidos se ponham de acordo em tudo, até porque isso não é próprio da democracia. Mas esperam que em muitas coisas, pelo menos em coisas importantes, haja predisposição para o compromisso. A avaliar pela crispação da classe política, até parece que Portugal chegou a um ponto em que ninguém concorda com ninguém. Esta radicalização estéril é uma cópia muito mal tirada da realidade. Marcelo percebeu bem isso: independentemente das escolhas eleitorais que tenham feito, concordando ou não com as opções políticas de quem nos governa, a vida continua. E o que o cidadão comum quer mesmo é que país vá para a frente. Esse cidadão comum acredita que Marcelo será o referencial de confiança e estabilidade para tempos que aí vêm. Sobre eles, a única certeza que temos é que serão tempos de incerteza. Percebendo a importância de um país unido, liberto da pressão de ter de pisar o ringue para a luta corpo a corpo, Sampaio da Nóvoa voltou a vestir o seu melhor fato – o de homem das ideias – e, num magnífico discurso, pediu “união contra as fraturas e clivagens”.

A infindável crise do euro, a política monetária do BCE, o referendo que dirá se os britânicos ficam ‘dentro’ ou ‘fora’ da União, as dúvidas sobre a integridade territorial de Espanha, os nacionalismos disseminados pelo continente, as ondas de refugiados, os garrotes dos mercados, o choque petrolífero, o arrefecimento da China, o desabamento das maiores economias do mundo lusófono… Com o mundo em ebulição e com muitos problemas dentro de portas para resolver, aos quais se somam novas preocupações decorrentes de opções governativas de desfazer muito do que tinha sido conseguido, dispensam-se as crisezinhas. Marcelo não as quer. O PSD de Pedro Passos Coelho também não.

A indignação e a preocupação do líder do PSD não serão combustíveis para a fogueira do radicalismo e da baixa política. Passos Coelho é um patriota e tem mostrado ser um verdadeiro estadista na ação política, tanto no governo como agora na oposição. Tal como Marcelo Rebelo de Sousa. Um e outro estão à altura do património de Francisco Sá Carneiro: primeiro o País, depois o partido. Os discursos valem pelo que se diz e pelo que não se diz.  Os princípios sá carneiristas cruzaram toda a ação de Pedro Passos Coelho e toda a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.