O desafio do atual governo é saber se Costa terá a capacidade de governar projetando o país para lá de 2016, resistindo-lhe nas adversidades que já começaram a surgir, ou se governará sob a batuta do tal “tempo novo” prometido, cujo risco de colocar 2011 no horizonte é real e elevado.
Este “tempo novo” promete-nos um acréscimo de 3 mil milhões de euros de despesa sem que se vislumbre nenhuma medida compensadora que possibilite o “óbvio” cumprimento da estabilidade orçamental. Já admitiu espantar o investimento estrangeiro definindo, à base do “custe o que custar”, a reversão das concessões no sector dos transportes.
Antevendo 2016, com a moderação que a futurologia impõe, diria que os desafios do “credível e estável” acordo à esquerda serão testados ao limite. Desde o apoio à banca, ao cumprimento das regras europeias passando pelo acordo com comunistas, Costa nem sempre caminhará sobre um mar de rosas e, consciente disso, vai usar toda a sua habilidade para resistir ora negociando com uns ora com outros, conforme a medida de invocação do interesse nacional.
É aqui que 2016 será também decisivo para a oposição. Na medida do interesse nacional. Que, com a habilidade de Costa, está colocado na fronteira da legitimação política do seu governo. É aqui, nesta ténue linha, que joga a oposição e será em cima dela que os líderes de PSD e CDS terão de agir. Caberá a eles, e só a eles, decidir o que é de facto de interesse nacional ou o que é esquema de legitimação governativa. Será um ano de grandes desafios.