Chelsea. A ameaça fantasma de Darth Vardy

Chelsea. A ameaça fantasma de Darth Vardy


Fernando Santos está de saída. O seu currículo na selecção grega é óptimo: atinge os quartos-de-final do Euro-2012 e os oitavos do Mundial-2014. Quem vem lá? Claudio Ranieri. A Grécia acredita no homem para dar sequência ao trabalho. Erro. Crasso. Empate com Finlândia e derrotas vs. Irlanda do Norte e Roménia antes do escandaloso 1-0…


Ranieri é despedido, nem aquece o lugar: estreia-se em Agosto, despede-se em Novembro. E agora? É ir para a fila do desemprego. Passa-se um mês. Dois. Três. Seis. No Verão, o Leicester lembra-se do italiano de 64 anos. No primeiro dia à frente dos jornalistas, Ranieri fala de tudo, inclusive Mourinho.

“É uma alegria imensar voltar à Premier League. Em 2003-04, montei um bom Chelsea, que até chegou às meias-finais da Liga dos Campeões [eliminado pelo Monaco, que seria batido pelo FCP na final de Gelsenkirchen], e depois saí. Deixei mesmo um bom Chelsea e o Mourinho aproveitou-se disso para ser campeão inglês no ano seguinte.”

Bom, Ranieri levanta a pedra sobre um assunto antigo, a da azia de ter sido substituído por Mourinho em 2004. Já lá vão 11 anos e o italiano teima em recordar o acontecimento onde quer que passe. É a enésima vez. Talvez seja exagero, é só a terceira. Na primeira, Ranieri diz isto: “Mourinho não tem respeito por ninguém do seu sector, trata mal todos os treinadores, os seus colegas. A sua apresentação no Inter demonstra isso mesmo.” Mourinho não responde. Ranieri volta a atacar, uma semana depois. “O Mancini montou o Inter campeão e agora é só aproveitar esse trabalho.” Mourinho está calado, Ranieri não. “Qualquer um ganha na estrutura do Inter.” Pronto, está o caldo entornado.

“Estou em Itália para trabalhar e ganhar, não para uma guerra de palavras”, reage Mourinho. “Ranieri? Tem razão no que disse. Sou muito exigente comigo mesmo e preciso vencer para estar seguro. Por isso mesmo, venci tantos troféus na minha carreira. Ele, ao contrário, tem a mentalidade de uma pessoa que não precisa de vencer e, com quase 70 anos, venceu uma Supertaça e uma outra pequena Taça. Está demasiado velho para mudar de mentalidade.”

Passam-se uns anos e ei-los juntos, ao vivo e a cores em Leicester. É o jogo de fecho da 15.ª jornada. Se o Leicester ganhar, reassume a liderança. Se? Essa é boa. O Leicester faz o 1-0 por Vardy (melhor marcador da Premier, com 15 golos), após serviço de Mahrez, um outro fenómeno, aos 34’. No instante seguinte, Matic atira ao poste. Ao intervalo, one-nil.

Na segunda parte, two-nil de Mahrez. Um fenómeno, já havíamos dito? O homem entretém-se com a bola e ainda brinca com Azpilicueta. Do seu pé esquerdo, nasce uma bola curva. Sem hipótese para Courtois. Que golo. Nas bancadas, o humor britânico no seu pico. “We’re Leicester City, we’re top of the league”. Os do Chelsea respondem: “We are staying up, say we are staying up”. E-s-p-e-c-t-á-c-u-l-o. O 2-1 de Rémy, aos 77’, é só o esboço de uma reacção. O Chelsea não se levanta e acumula a nona derrota da liga, a 11.ª da época, cinco dias após o 2-0 ao Porto na Liga dos Campeões. Viva la vida loca.

rui.tovar@ionline.pt