Sampaio da Nóvoa. ‘Espero enorme convergência da todas as forças que querem a mudança’

Sampaio da Nóvoa. ‘Espero enorme convergência da todas as forças que querem a mudança’


Dois dias depois de Marcelo ter sido entrevistado na sala mais nobre da Faculdade de Direito, onde dá aulas, o ex-Reitor Sampaio da Nóvoa preferiu a simplicidade do estúdio da SIC. E centrou a mensagem em três ideias: a sua independência política, a vontade de ser um fator de estabilidade e o apoio ao ciclo de…


Por a imparcialidade ser a “marca central” da sua maneira de ser, daria posse a qualquer governo que tivesse maioria parlamentar. “Vou ser um Presidente alinhado com os governos que os portugueses escolherem”, disse. “Em todas as circunstâncias serei um fator de estabilidade”. Desde logo, prometeu para o Governo de António Costa.

“No que depender de mim Costa cumprirá a legislatura, como outro” primeiro-ministro. Sem estabilidade “não há forma de fazer a mudança” e Sampaio da Nóvoa quer ser um fator decisivo no ciclo de mudança que agora começou, com a ajuda da esquerda. “Durmo descansado com os acordos” feitos com o PCP e BE, disse na entrevista.

Sampaio da Nóvoa é um homem de esquerda mas a sua candidatura não se confina a esta área política. “Eu não venho em nome de intrigas. Venho em nome de outra política, de país do conhecimento, da educação, do investimento e que leva tudo isso para a economia”.

Avançou para Belém sem a expectativa do apoio de António Costa, garante. O agora primeiro-ministro aliás, nunca lha prometeu. “Nunca, nem eu pedi nem ele prometeu. De resto, António Costa “não prometeu nada”, nem um apoio informal. Nóvoa diz que “vive tranquilo com isso” e que teria avançado se soubesse à priori que não teria o PS por trás, ou que Maria de Belém seria uma concorrente.

O candidato repetiu um apelo à convergência da esquerda.  “Espero enorme convergência da todas as forças que querem a mudança”,  começou por dizer. Uma convergência de para “unir as forças de mudança” que “vão para além da esquerda portuguesa”. Forças que “não estão dispostos a estas desigualdades” que se têm acentuado no país.

Sampaio da Nóvoa espera a convergência “o mais tardar na segunda volta” das presidenciais. E diz que é “o que está em melhores condições contra uma candidatura da direita”. Mas desmente qualquer “contacto” ou “diligência” junto de Marisa Matias ou Edgar Silva para levar à desistência destes candidatos. “Não houve nenhum contacto. Aproveito para desmentir essa notícia”.

Os ‘superpoderes’ para Belém

Na Europa, Nóvoa diz que Portugal não deve “ficar calado” mas sim “fazer ouvir a sua voz”. E ele, como Presidente, terá “um poder imenso que é o poder da palavra e o poder de colocar temas na agenda”. A “qualidade da democracia”, a educação e conhecimento e a “Europa e a presença de Portugal no mundo” são temas prioritários na sua agenda presidencial.

Sendo a estabilidade uma das suas marcas, Sampaio da Nóvoa diz que “seria insensato” dizer se demitiria um governo por não cumprir o Tratado Orçamental, como fez Maria de Belém. Se o incumprimento de uma regra europeia levasse à demissão do executivo, “teríamos dissolvido a AR nestes anos todos, cada vez que há um défice que não se cumpre”, exemplifica por oposição. “Não precisamos de mais instabilidade, de mais crispação”, conclui.

Questionado se veria com bons olhos a presença do PCP e do BE no Conselho de Estado começou por recusar “imiscuir-se na forma como a Assembleia da República está representada” neste órgão. Acrescentou porém que na quota que cabe ao Presidente no Conselho de Estado tentaria “compensar sub-representações” dos partidos.

A entrevista terminou com o tema da falta de experiência política de Nóvoa. “Tenho a experiência da polis, da profissão, e de serviço às causas públicas”, argumentou. E invocou a seu favor os apoios “intensos” dos ex-presidentes Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. “Todos consideram que tenho a experiência necessária para este cargo”.