BE e PCP: Apoio ao governo não condiciona acção política

BE e PCP: Apoio ao governo não condiciona acção política


No mesmo dia, BE e PCP, os dois principais apoiantes do Governo de António Costa, fizeram uma proclamação dindependência política face ao PS. Salvaguardando que não irão faltar no apoio aos acordos políticos assinados, ambos traçam ‘linhas vermelhas’ na relação com o governo.


Os bloquistas, que ontem reuniram a Mesa Nacional, principal órgão entre congressos, prometem “autonomia e capacidade de intervenção” na luta contra o Tratado Orçamental e na defesa da renegociação da dívida pública. Depois dos avisos deixados a Mário Centeno, o BE volta a apelar ao governo para “tomar as rédeas” da reestruturação do Novo Banco. E deixa um aviso na luta contra o Daesh: os bloquistas não apoiarão o envolvimento de Portugal em accões de guerra.

Pelo lado dos comunistas, fica um alerta, por Jerónimo de Sousa: o PCP “não fará favores a ninguém”. O que o PS “pode esperar é empenho e honra na palavra dada. Agora, não peçam é que abdiquemos do nosso projecto ou da nossa identidade”, afirmou Jerónimo, num encontro de militantes na Azambuja.

A proclamação de independência dos bloquistas é mais detalhada. Um extenso ponto do comunicado, relativo aos atentados de Paris, depois de fazer a “condenação absoluta destes crimes”, demarca o BE do apoio à “lógica da guerra e da retaliação”. Fica ainda claro que António Costa não terá o apoio de Catarina Martins se optar por “restrições aos direitos civis” na Europa ou enveredar pela intervenção da NATO. O BE rotula de resto de “hipocrisia” a posição encabeçada por François Hollande que ao invés de apoiar os “verdadeiros inimigos do Daesh” mantém cumplicidades com a Turquia e a Arábia Saudita, financiadores e cúmplices dos radicais islâmicos.

O comunicado saído da reunião da Mesa Nacional promete também empenhamento na “mobilização popular” e militância para afirmar a agenda própria do Bloco. “A importância acrescida que terão a mobilização popular e os movimentos sociais no próximo período implica um esforço imediato de iniciativa e articulação sectorial”, afirma o documento.

Marisa continua, Sampaio da Nóvoa tem “ambiguidade” Em matéria de presidenciais, o BE garante que a candidatura de Marisa Matias vai mesmo a votos e lança críticas às outras candidaturas de esquerda. Sampaio da Nóvoa “mantém uma ambiguidade essencial em matéria europeia, nomeadamente no que respeita ao conflito entre as imposições de Bruxelas e a garantia do Estado social e dos direitos do trabalho”. O Bloco diz ainda que “uma candidatura que mobilize a esquerda terá de deixar claro que os direitos constitucionais se sobrepõem a quaisquer outras regras”.

Maria de Belém é criticada por se posicionar “no terreno do bloco central contra o potencial de mudança do pós-legislativas” e porque “representa os interesses privados que têm beneficiado da diminuição do Serviço Nacional de Saúde”. 

Na corrida a Belém, o primeiro candidato oficializado à esquerda do PS será o comunista Edgar Silva. O líder do PCP anunciou ontem aos militantes que o madeirense apoiado pelo PCP entregará esta segunda-feira no Tribunal Constitucional com mais assinaturas do que as entregues “nas últimas duas eleições” presidenciais. Jerónimo concluiu que “é um bom sinal”, isto numa altura que a possibilidade de desistência a favor de Sampaio da Nóvoa vai sendo afastada pelas candidaturas de BE e PCP.

manuel.a.magalhaes@sol.pt