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“Tenho medo de ti, de como reages”
Alguns vizinhos de Oscar Pistorius, que foram testemunhas no julgamento, relataram ter ouvido uma discussão feia entre o atleta e a namorada na noite do fatídico episódio.
Pistorius, porém, no final do interrogatório, negou com veemência ter discutido com Reeva nessa noite. Além dos testemunhos da suposta discussão, a polícia revelou mensagens trocadas entre Reeva e Pistorius, algumas semanas antes do assassinato, que ajudavam a traçar o perfil agressivo de Pistorius.
“Às vezes tenho medo de ti, de como me agarras e como reages comigo de vez em quando”, escrevera Reeva. Durante o julgamento, o advogado de defesa do sul-africano pediu a Oscar para ler o cartão de São Valentim, dia da tragédia, que alegadamente Reeva lhe tinha escrito.
“Acho que hoje é um bom dia para dizer que te amo”, dizia. O atleta paraolímpico explicou ainda que não tinham trocado os presentes do dia dos Namorados, mas que comprara uma pulseira para Reeva e que a iriam buscar à joalharia no dia seguinte. Tudo para construir uma imagem de que tinham um bom relacionamento.
Teste psiquiátrico e mentiras
No dia 11 de Maio, um psicólogo escolhido pela defesa, Merryll Vorster, disse em tribunal que Oscar Pistorius sofria de um distúrbio generalizado de ansiedade desde a infância, mencionando a amputação, o divórcio dos pais quando ele tinha seis anos e a morte da mãe, quando tinha 15.
A acusação pediu então que o atleta ficasse sob observação médica durante um período. O juiz atendeu esse pedido e Pistorius acabaria por ser submetido a um mês de avaliação, mas as conclusões não bateram certo com o diagnóstico traçado anteriormente.
O grupo de quatro médicos que fez o acompanhamento concluiu que Pistorius não sofria de qualquer distúrbio mental e tinha plena consciência para distinguir comportamentos correctos e errados. A juntar a este diagnóstico final do estado mental de Pistorius, os juízes concluíram que o julgamento foi marcado por mentiras “em bola de neve” e versões da história que nunca poderiam coexistir.
A versão de que disparou por engano, confundindo a namorada com um assaltante, e de que tinha reagido em legítima defesa nunca convenceu a justiça.
O vídeo do tiro à melancia
No dia 9 de Abril, a acusação mostrou um vídeo de Pistorius num campo de tiro a atirar contra uma melancia, afirmando “não é tão macio quanto um cérebro, mas (a munição) é suficiente para parar um zombie”.
Terminado o vídeo, o procurador Gerrie Nel perguntou: “Viu o que aconteceu à melancia? Explodiu. Foi isso que aconteceu à cabeça de Reeva, teve o mesmo efeito nela. Assuma a responsabilidade.”
A acusação mostrou ainda uma fotografia da cabeça ensanguentada de Reeva. Pistorius recusou-se a olhar e desabou em lágrimas, dizendo: “Não vou ver a fotografia para ficar atormentado. Quando agarrei Reeva na casa de banho, toquei na cabeça dela. Lembro-me. Estava lá, não preciso de olhar.”
“Não a queria matar”, insistiu Pistorius.