Trabalhadores mais velhos são discriminados

Trabalhadores mais velhos são discriminados


Estudo diz que na hora de escolher gestores preferem profissionais mais novos.


Na hora da contratação ou da selecção de colaboradores para integrarem programas de formação, grande parte dos gestores discrimina os candidatos mais velhos e escolhe pessoas mais novas, apesar de reconhecerem qualidades positivas significativas nos trabalhadores com mais idade. Esta é a principal conclusão do estudo da Universidade de Aveiro (UA) liderado por Andreia Vitória, que colocou 224 gestores de todo o país a decidir o futuro profissional de dois trabalhadores de idades diferentes mas com as mesmas qualificações. 

“Mesmo quando os trabalhadores mais velhos são descritos de forma mais vantajosa relativamente aos mais jovens, muitos gestores continuam a preferir os mais novos”, revela. Durante a investigação, Andreia Vitória entrevistou 224 gestores de todo o país e colocou-os em três cenários de forma a poder avaliar as respectivas decisões envolvendo trabalhadores mais velhos. No primeiro cenário pediu aos gestores que escolhessem entre dois candidatos de idades distintas sem diferenças nas qualificações académicas e profissionais. “A maioria escolheu o mais jovem. Apesar da diferença não ser muito significativa, verifica-se que não dando informações adicionais que distingam um candidato do outro, a maioria dos gestores tende a discriminar o mais velho”, aponta a investigadora.

No teste seguinte a investigadora colocou o gestor perante a decisão de escolher um trabalhador para um programa de formação, referindo que o mais velho está mais motivado para participar. “Apesar da maioria escolher o mais velho, uma percentagem ainda substancial (cerca de um terço) dos gestores escolhe o mais jovem, mesmo este sendo descrito como menos motivado para participar na acção de formação”, aponta Andreia Vitória. 

Já no terceiro cenário o gestor foi confrontado com a situação de contratar um recém-licenciado ou manter o actual detentor do cargo, um colaborador prestes a aposentar-se, mas interessado em continuar a exercer e que está mesmo disposto a auferir de um salário inferior àquela que seria pago ao recém-licenciado. Quase metade dos gestores entrevistados escolheu o recém-licenciado. “Se o trabalhador mais velho demonstra interesse e motivação em continuar a trabalhar, já conhece o cargo e a organização e até está disposto a auferir uma compensação inferior, qual a razão para preferir o recém-licenciado a quem terá que se pagar mais, que não conhece a função, a organização, a sua cultura ou os processos da empresa?”, questiona.